Os altos volumes de chuva previstos para esta semana em Santa Catarina deixam a Defesa Civil em alerta no Estado. Desde este domingo até sexta-feira, a previsão aponta acumulados de até 200 milímetros em alguns pontos, o que representa o índice normalmente registrado no mês inteiro. A maior preocupação das autoridades é com os locais onde foram registrados grandes volumes nas últimas semanas de maio. Caso se confirme a previsão do tempo, os acumulados podem ultrapassar os 400 milímetros em algumas cidades catarinenses.
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Chuva volta ao Estado e causa alagamentos em SC
A chuva deve se dividir em dois momentos mais intensos por conta de uma frente fria. O primeiro entre ontem e amanhã e o segundo de quinta a sexta-feira. O acumulado de chuva deve ficar entre 40 a 70 mm em média neste período, mas pontualmente, algumas cidades podem ter em torno de 100 mm, especialmente no Oeste, Meio-Oeste, Planalto Norte, Vale do Itajaí, Litoral Sul e Litoral Norte.
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Por conta disso, a Defesa Civil faz cálculos e organiza suas estruturas para atender os pontos onde podem ocorrer alagamentos e deslizamentos, considerados os mais preocupantes. Como o solo encharcado por conta da alta quantidade de chuva de maio, a orientação para a população em área de risco é monitorar possíveis movimentação de terra e as condições das residências. Segundo a Epagri/Ciram, órgão oficial do Estado responsável pela emissão da previsão, a chuva começou pelas regiões Oeste e Meio-Oeste e vai se estender pelos demais pontos de forma persistente. O maior volume de chuva está previsto para quinta e sexta-feira devido à formação de uma nova frente fria no Sul do Brasil.
— Todo o Estado preocupa porque serão muitos dias de chuva em volumes muito altos, ainda mais que a precipitação está indo para a terceira semana com o solo que ficou muito saturado. Nas situações de crise, os deslizamentos são os que mais geram mortes, e é com isso que nos preocupamos — admite o secretário de Defesa Civil de SC, Rodrigo Moratelli.
No Alto Vale do Itajaí, região propensa a inundação e deslizamentos, a atenção está voltada para as barragens de Taió, Ituporanga e José Boiteux. Como as duas primeiras ainda estão parcialmente cheias, os técnicos esperam que até o começo da madrugada de hoje elas estejam mais vazias para receber a quantidade de chuva prevista para os próximos dias. As estruturas são responsáveis por amenizar os impactos do Rio Itajaí-Açu na maior parte do Vale, em cidades como Blumenau, Gaspar, Indaial e Itajaí.
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Chuva causa alagamentos e cancelas aulas na Serra
A chuva retornou a Santa Catarina na manhã deste domingo. Cidades da Serra tiveram altos volumes acumulados em menos de 24 horas. Em Lages, por exemplo, até o começo da noite havia chovido 114 milímetros, o que causou alagamentos em diferentes bairros e levou a prefeitura a suspender as aulas da rede municipal nesta segunda-feira.
A Agência de Desenvolvimento Regional (ADR) fez o mesmo nas 44 escolas da rede estadual da regional de Lages. Com isso, são 26 mil alunos e dois mil professores dispensados da atividade nesta segunda-feira. Uma nova reunião deve definir a situação para o restante da semana. O cenário mais complicado ontem em Lages estava nos bairros Passo Fundo, Sagrado, São Sebastião, São Vicente e Guarujá.
A orientação da prefeitura para os moradores é que eles evitem sair de casa e o façam somente em caso de necessidade. A Defesa Civil municipal está mobilizada, com o apoio de outras secretarias. A Polícia Civil também se colocou à disposição do município caso seja necessário o uso dos helicópteros da corporação.
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Outra regional da ADR que cancelou as aulas na rede estadual foi Taió, no Alto Vale do Itajaí. No restante do Estado a chuva deixou alagamentos em Agrolândia, onde o Centro da cidade foi atingido, Fraiburgo, Abdon Batista, Correia Pinto, Capinzal e Florianópolis.
Na Capital, a água inundou ruas da região Norte da Ilha. O Corpo de Bombeiros teve que dar apoio em atendimentos na Cachoeira do Bom Jesus e no Santinho. Quedas de árvores foram registradas na BR-470, no Alto Vale , onde o trânsito ficou parcialmente prejudicado. Na SC-350, entre Rio do Sul e Aurora, não havia passagem para veículos ontem à noite.
O QUE DIZ A PREVISÃO
Devido ao avanço de uma frente fria sobre o Sul do Brasil, a chuva é esperada para todas as regiões. Segundo a Epagri Ciram, começa pelo Oeste e Meio-Oeste, estendendo-se pelo Estado no decorrer do dia de forma persistente, de moderada a forte
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Acumulado: entre este domingo e segunda-feira, deve chover de 40mm a 60mm em média no Estado. Em algumas localidades, pode chegar a 100 mm, especialmente no Oeste, Meio-Oeste, Planalto Norte, Vale do Itajaí, Litoral Sul e Litoral Norte
Até quando: o tempo instável e a possibilidade de chuva se estende de terça-feira a sexta, mas pode ter períodos de melhoria em algumas regiões. Ao longo de sexta-feira, a chegada de uma massa de ar frio deixa o tempo seco e o sol volta a aparecer.
Alerta: O maior volume de chuva está previsto para quinta e sexta-feira, segundo a Epagri Ciram, devido à formação de uma nova frente fria no Sul do Brasil. Como em algumas regiões o solo estará encharcado – o que reduz a capacidade de absorção da água da chuva, desembocando nos rios – e o nível dos rios estará elevado, a situação exige atenção para eventual ocorrência de enchentes e deslizamentos de terra, segundo a Defesa Civil.
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ENTREVISTA COM O SECRETÁRIO DE DEFESA CIVIL DE SANTA CATARINA, RODRIGO MORATELLI:
“Serão muitos dias de chuva e em volumes muito altos”
O cenário dessa semana aponta para um volume maior que o registro nas últimas semana de maio?
O cenário na semana é elevado. A chuva que foi anunciada na previsão de sexta-feira, e que vem sendo refinada durante o final de semana, gera determinadas ações que a Defesa Civil vai tomar, principalmente onde o Estado tem controle, como as barragens do Alto Vale do Itajaí. Também fizemos contato como a ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) para usar os reservatórios das hidrelétricas. O boletim dessa semana aponta chuvas distribuída pela semana, com pontuais de 90 a 140 milímetros, com regiões em que pode passar dos 200 milímetros, como no Meio-Oeste. O cenário é muito similar com o que aconteceu na semana passada, porém a distribuição é diferente, porque deve focar mais no Litoral Sul, Serra e Planalto Norte.
Qual região preocupa mais?
Todo o Estado preocupa porque serão muitos dias de chuva em volumes muito altos, ainda mais que a precipitação está indo para a terceira semana com o solo que ficou muito saturado. Nas situações de crise, os deslizamentos são os que mais geram mortes, e é com isso que nos preocupamos. O solo todo carregado traz riscos principalmente nas áreas onde já teve algum corte, onde teve alteração na encosta. A população precisa ficar atenta a qualquer movimentação, barulho, água barrenta escorrendo.
Qual é a principal orientação para a população?
Os moradores devem ter as informações corretas. Falo nos órgãos oficiais. As pessoas precisam acompanhar os alertas oficiais que o Estado e o municípios emitem. Os moradores de áreas de risco devem tomar providências, como organizar material de retirada e ficarem atentos aos avisos oficiais. precisam também observar as encostas, prestar atenção, criar consciência de alta potência porque nem sempre a pessoa será alertado do desmoronamento. Essa observação é fundamental para a segurança. É um trabalho conjunto entre Estado, município e população para que a gente passe por esse momento sem um desastre.
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Se somarmos os dados de chuva das última semanas com a previsão atual, a que números chegamos?
Tivemos que regiões que chegaram na última semana a 300 milímetros. Se somar, considerando o final de semana, temos cidades com 350 milímetros. Existem regiões mais preocupantes como o Baixo Rio do Peixe, bacia do Rio Uruguai, Planalto Sul, Rio Carahá, Rio Canoas, Vale do Itajaí, bacia do Rio Iguaçu e Litoral Sul. Mas estamos trabalhando com as barragens em contato com a ONS e nos locais que dependem do Estado como Taió, Ituporanga e José Boiteux. Na barragem de Ituporanga temos 63% neste domingo e precisamos de 40% livre para o volume de chuva que estamos esperando. Até a noite deste domingo esperamos liberar o que falta. Na barragem de Taió precisamos de 55% livre e estamos com 45%, mas até a noite deste domingo esperamos diminuir a ocupação. Temos uma operação coordenada para atender os municípios. Estamos em alerta até sexta-feira.
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