A votação do plano de recuperação judicial da Busscar Ônibus S/A finalmente aconteceu, mas o futuro da empresa ainda é desconhecido. A classe de garantia real optou pela reprovação e o destino da companhia está nas mãos do juiz do caso, Maurício Cavallazzi Povoas.

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Para aprovar o plano, existiam duas possibilidade: o “sim” das três classes – garantia real, trabalhista e quirografários (que não se enquadram nas outras duas áreas) – e a aprovação mínima de 33,32% das instituições financeiras. Nenhuma das duas aconteceu.

Apenas 16,94% dos credores de garantia real aprovaram o plano. O BNDES optou por não votar e Povoas vai ter que analisar o histórico de 45 volumes do processo de recuperação.

O representante da instituição financeira, Marcos Paulo Tavares, foi ao palco pedir a suspensão da assembleia e justificou que o banco queria mais tempo para analisar as propostas apresentadas pela Busscar de última hora. Mas a hipótese sequer foi cogitada e a votação, aberta. A decisão do juiz sai na quinta-feira e não há tendência que sinalize qual será sua decisão.

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– A falência não está descartada. Vou me trancar no gabinete com todo o processo e analisar uma série de questões, inclusive a abstenção do BNDES. Sigo a posição do Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Pra mim, abstenção significa ?não’ -, diz Povoas.

A soma do “não” do BNDES e da reprovação do Santander, mais da metade do total da dívida dos credores da classe, é preocupante.

– É uma diferença muito grande, deve ser considerada com atenção. A situação será profundamente analisada pelo magistrado -, diz o administrador judicial, Rainoldo Uessler.

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Às 9 horas desta quarta, Uessler entrega a Povoas a ata da assembleia. O magistrado, então, começa a listar as possibilidades para a Busscar. De acordo com ele, há muito mais por trás da votação.

– Há um histórico. O processo tem 11 meses e um monte de coisas a serem cumpridas pela empresa nesse período. Vou analisar cada uma delas e ver a viabilidade do plano, levando em conta, claro, o resultado da votação -, explica o juiz.

Euclides Ribeiro, advogado da Busscar, vai aguardar.

– Está nas mãos do juiz. Agora ele vai analisar todo o processo. De qualquer forma, vamos tentar conversar com ele antes da decisão final para esclarecer as questões que ele precisa compreender.

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O Sindicato dos Mecânicos de Joinville e Região sai dessa novela com o sentimento de dever cumprido.

– Tentamos negociar o melhor para a classe até o último momento. Agora precisamos aguardar a decisão -, diz a advogada da entidade, Luiza de Bastiani.

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