Goteiras e pedaços de granito e argamassa que estão se desprendendo das paredes e do teto. Esses são apenas alguns dos problemas do Terminal Rodoviário Rita Maria, em Florianópolis. Nesta terça-feira, a reportagem do Diário Catarinense esteve no local e viu que obras são feitas sem a proteção adequada para os trabalhadores e passageiros.
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É só dar uma volta que é possível encontrar andaimes e funcionários trabalhando. Durante a manhã, trabalhadores sem cordas de proteção faziam a colocação de uma tábua. Enquanto ajeitavam o material, as cadeiras abaixo deles eram ocupadas por pessoas que aguardavam os horários de ônibus.
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Um policial foi até o local, retirando os passageiros para isolar a área onde os funcionários estavam. De acordo com o Departamento de Transportes e Terminais do Estado de Santa Catarina (Deter), as empresas podem fazer reformas nos boxes individuais, mas com a devida segurança para os trabalhadores e usuários.
Em reunião com o Deter, as 27 empresas de transportes que operam no Rita Maria concordaram em fazer algumas pequenas obras em seus boxes. Apenas o Grupo JCA, dono das empresas Auto Viação Catarinense, Auto Viação 1001 e Viação Cometa, aceitou iniciar uma reforma ainda este ano. Ele foi procurado pela reportagem do DC, mas não se manifestou sobre o assunto.
Obras emergenciais
O prédio do terminal, uma das portas de entrada da Capital catarinense, deve passar por obras emergenciais. De acordo com a Defesa Civil, trata-se de reparos pontuais de prevenção que, se feitos rapidamente, não representam perigo aos usuários.
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O Deter, que administra o local, constatou a precariedades na infraestrutura do prédio e solicitou que a Defesa Civil fizesse vistorias. Depois de dois laudos técnicos – um do Deter e outro da prefeitura – um decreto foi assinado pelo prefeito Dário Berger concluindo que o terminal necessita de reparos urgentes para garantir a segurança dos usuários.
– São questões bem pontuais, que não afetam a estrutura do prédio – garante Maximo Porto Seleme, diretor da Defesa Civil Municipal.
O custo dos reparos está estimado em, aproximadamente, R$ 700 mil, e as obras, que devem durar 45 dias, estão previstas para começar no final de dezembro.
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– Nosso medo é que pedaços de um centímetro que já caíram da argamassa não virem pedaços maiores que possam machucar alguém. É um trabalho de prevenção, e o terminal não vai ser interditado durante os reparos – explica Seleme.
Desde que foi fundado há 29 anos, a estrutura do prédio nunca passou por uma reforma, apenas reparos foram feitos nos banheiros, restaurante e lanchonetes. As 170 telhas, que pesam 37 toneladas cada uma, apresentam desgaste natural em decorrência da localização do edifício.
Segundo Seleme, a maresia (vento com salitre), típica de áreas perto ao mar, exige que a manutenção seja feita periodicamente, o que nunca foi feito. Para o presidente do Deter, Altamir José Paes, o Estado não tem competência para administrar o Terminal Rodoviário Rita Maria.
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– O Estado não está preparado e, por isso, o local não tem a manutenção que deveria ter. Foi uma situação de comodismo em que ninguém se comprometeu com a segurança do lugar. A saída é abrir uma concessão para a iniciativa privada, que teria melhores condições de administrar o terminal – afirma.
Apesar do caráter emergencial das obras, Altamir Paes garante que os usuários e trabalhadores do terminal não correm risco de se machucarem.
Segurança também preocupa
A falta de segurança no Terminal Rita Maria é apontada por usuários, lojistas e Deter como um dos principais problemas no local. Com uma área de mais de 15 mil metros quadrados, apenas dois vigilantes cuidam da segurança durante a madrugada, das 19h às 7h.
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De dia, um vigilante fica no estacionamento. De acordo com o gerente do Deter, Nildo Teixeira, não se vê policial fardado dentro do Rita Maria:
– Não adianta tapar o sol com a peneira, pois segurança aqui realmente não existe – lamenta.
Ele explica que há um uma companhia da Polícia Militar no anexo do terminal, mas não há apoio na segurança para os usuários. O taxista Jurandir Acelino, 59 anos, também afirma que não há policiamento.
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– A segurança aqui é problemática. Só vejo PM aos domingos para multar os carros – conta Jurandir.
De acordo com o comandante da área central de Florianópolis da Polícia Militar, tenente Vieira, cinco policiais fazem a ronda preventiva. À noite, são mais dois que cuidam da segurança no terminal:
– Em um ano, somente duas ocorrências criminais foram registradas no Rita Maria. Aqui não há mais concentração de pedintes e moradores de rua, que usavam os espaços para dormir. Para mim, o terminal é quase uma fortaleza – diz.
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Segundo piso em melhores condições
As lojas do segundo piso do Rita Maria pouco se parecem com os estabelecimentos que ocupam o andar de baixo. Se no andar térreo, a reclamação de quem trabalha diariamente no local é, principalmente, quanto às goteiras, no piso superior a vendedora Mari Pereira, 30 anos, diz que nem sabia que a rodoviária tinha esse problema:
– Aqui em cima não tem goteira.
O segundo piso, que, ao contrário das outras lojas da rodoviária, está decorado com enfeites de Natal, é preparado para receber duas plataformas elevatórias para garantir acessibilidade. Elas já foram compradas e devem estar funcionando a partir do dia 15.
Os equipamentos foram adquiridos por causa das salas que vão abrigar órgão públicos. Após essa transferência, 20 mil pessoas devem circular diariamente pelo terminal.
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Flagrantes de falta de segurança:
Confira os problemas no terminal: