Quando o assunto é taça furtada, como a do Campeonato Catarinense 2015, levada esta manhã da Arena Joinville, a referência imediata nos transporta ao ano de 1983, quando o mais desejados dos troféus foi roubado da sede da Confederação Brasileira de Futebol, no Rio de Janeiro, deixando uma ferida jamais cicatrizada na memória do futebol brasileiro.
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A Taça Jules Rimet – a original, revezada entre os países campeões desde a primeira Copa do Mundo – foi furtada em dezembro daquele ano. Estava sob a tutela brasileira desde 1970, quando o país se sagrou tricampeão mundial – feito até então inédito – e, portanto, conquistou o direito de ficar com o troféu em definitivo.
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Desenhada em 1928 pelo francês Abel Lafleur, tinha 3,8 kg de ouro puro. E foi seu valor comercial, não sentimental, que atraiu a cobiça dos ladrões que depois de furtarem, derreteram o troféu. Sérgio Peralta, na época representante do Atlético-MG na CBF, foi apontado como autor do crime, com a ajuda dos comparsas Chico Barbudo e Luiz Bigode. Os três foram condenados a nove anos de prisão, mas nenhum passou muito tempo na cadeia.
Esse é sem dúvida o caso mais famoso (e lamentável), porém, não é o único. Outras taças já sumiram desde aquele fatídico verão de 1983.
Paradeiros desconhecidos
Seja por descuido dos clubes ou ma fé de aproveitadores, algumas taças de campeonatos simplesmente desapareceram com o passar do tempo. Um caso que veio a público no início deste ano é aqui mesmo de Santa Catarina. A taça do Campeonato Catarinense de 1964, vencido pelo Grêmio Esportivo Olímpico, de Blumenau, sumiu. Os dirigentes não sabem precisar quando, mas a principal hipótese levantada é a de que tenha sido levada por alguma das grandes enchentes que atingiram a cidade no passado.
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Em Minas Gerais, o troféu da Taça Brasil de 1966, conquistada pelo Cruzeiro, tem paradeiro desconhecido há mais de 15 anos, sem ter deixado pistas. Já no Rio Grande do Sul, no ano passado, o misterioso sumiço da taça do Gauchão terminou em comédia. A taça Lupicínio Rodrigues, recebida pelo Inter após o título gaúcho sobre o Grêmio, jamais chegou à sede do clube, perdendo-se durante a comemoração. Depois de um dia de aflição para os colorados, o jogador Rafael Moura confessou que havia levado o troféu para casa e conversou com a diretoria para desfazer o mal-entendido.
Mais brigas nos tribunais
Assim como neste ano, em 1978 a decisão do Catarinense também foi parar nos tribunais. Com a desistência do Avaí na reta final da competição, ficou a dúvida com o que aconteceria com os pontos disputados pelo clube. Ao fim do torneio, Chapecoense e Joinville declararam-se campeões. O caso foi parar no Superior Tribunal de Justiça Desportiva e só se concluiu quatro meses depois, com o título sendo definido para o Tricolor. O Verdão do Oeste acatou a decisão e devolveu o troféu.
– A taça veio para Chapecó, meu pai teve o prazer de pegar a taça nas mãos, mas um dia ela não estava mais lá e ele nunca mais a viu – conta Gilberto Badalotti, filho do ex-presidente da Chapecoense, Arthur Salvador Badalotti, explicando que a Federação Catarinense levou o troféu embora para entregar ao Joinville.
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Já São Paulo e Flamengo brigam até hoje pela “Taça das Bolinhas”, criada em 1975 para premiar o primeiro clube a vencer três vezes seguidas, ou cinco vezes alternadas, o Campeonato Brasileiro. O troféu foi entregue ao São Paulo em 2011, quando a justiça determinou que o Sport era o campeão brasileiro de 1987, o que deixaria o Flamengo com apenas quatro conquistas. Porém, logo depois a CBF reconheceu o Flamengo também como campeão daquele ano.
O Rubro-Negro então entrou com um pedido de busca e apreensão para recuperar a Taça, que no fim foi entregue para a Caixa Econômica Federal por medida cautelar. Em abril de 2014, o imbróglio parecia decidido quando o Superior Tribunal de Justiça definiu que o Sport é o único campeão de 1987, porém, o Flamengo levou o caso ao Superior Tribunal Federal, e batalha jurídica prossegue.