Parem as máquinas! A taça sumiu. Não é a Jules Rimet, que foi furtada após o tricampeonato da Seleção Brasileira em 1970. No sábado em que se completam 50 anos do bicampeonato estadual do Grêmio Esportivo Olímpico – o último título catarinense do futebol de Blumenau -, o paradeiro do troféu que marca a conquista é uma incógnita. Antes é necessário uma explicação.

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O Campeonato Catarinense de 1964 teve 42 times, que foram divididos em fases regionais. O campeão foi definido em um quadrangular decisivo, que acabou no ano seguinte. O dono do caneco só foi conhecido no dia 25 de abril de 1965. Jogando no Estádio da Baixada lotado, o Olímpico venceu o Inter de Lages por 3 a 1, com três gols de Rodrigues, e faturou o título.

– Era um timaço, um time muito alinhado e com muita qualidade – resume Roberto Alves, veterano colunista do Diário Catarinense.

Para relembrar o dia de glória do futebol blumenauense, o Santa foi atrás da taça. Após ouvir personagens envolvidos na história a reportagem constatou um mistério sobre o troféu: ninguém sabe onde está, não o viu mais. Presidente do Olímpico desde 2004 – com passagem anterior entre 1995 e 2000 -, Braulino Pontes é contundente:

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– Nunca vi nenhuma das taças – diz Pontes, referindo-se também à conquistada em 1949.

Fotos e reportagens da época consultadas não mostram a taça. No entanto, ex-jogadores se recordam de terem comemorado a conquista com o troféu. O ex-zagueiro Roberto Pereira do Nascimento, o Robertão, 73 anos, lembra que após a festa com torcida no estádio (com a taça) a vitória foi celebrada com um jantar no extinto restaurante Gruta Azul. Proprietário de um estacionamento no Centro, o ex-ponteiro Max Preisig, o Maqui, 73 anos, conta que chegou a carregar o troféu e que os atletas desfilaram em um caminhão do Corpo de Bombeiros.

– Tenho certeza que em algum lugar ela (a taça) está. Ficou no clube. Não foi carregada pelas enchentes – completa.

Dirigentes e historiador creem que a taça foi levada por alguma enchente

Apesar de ser torcedor do Amazonas, o cientista social e pesquisador Adalberto Day lembra-se de visitar a sala de troféus do clube grená na década de 1960 e ver o adorno do bicampeonato. Ele sustenta que as grandes cheias que atingiram a cidade no passado levaram os símbolos das conquistas do clube. O médico e ex-jogador Walmor Belz, bicampeão com o Olímpico, tem a mesma opinião:

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– As enchentes levaram praticamente todo o patrimônio do Olímpico. Entre eles a taça.

O atual mandatário grená aponta que há alguns anos chegou a sondar sócios e dirigentes mais antigos sobre o paradeiro dos troféus, na tentativa de fazer réplicas. Agora pesquisa fotos para reconstituir as peças. Assim como Belz e Day, Pontes acredita que os canecos tenham se perdido durante as cheias.

Presidente do Olímpico entre 1987 e 1991, Otacílio Peron, que atualmente tem um escritório de advocacia em Cuiabá (MT), admite que durante a sua gestão teve de lidar com dois mistérios: a taça e um livro com atas do clube durante a Segunda Guerra.

– Ambos sumiram na minha gestão – aponta.

Com ou sem taça, os feitos do Olímpico pelos gramados jamais serão apagados ou esquecidos. Só ficarão mais difíceis de serem contemplados pela próximas gerações.

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