O roteiro parecia perfeito: depois de uma emocionante decisão nos pênaltis na semifinal, a Argentina do craque Messi venceria a Copa do Mundo dentro da casa do maior rival, o Brasil. E foi acreditando fielmente nesse fim vitorioso que dezenas de torcedores fanáticos se reuniram em um dos bares do principal reduto argentino em Florianópolis, o bairro de Canasvieiras.
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Desde que chegaram, o otimismo e a confiança estavam estampados nos rostos pintados, nas camisas da seleção, bandeiras e no canto incessante de incentivo aos jogadores.
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No começo do primeiro tempo, eles chegaram a comemorar o gol da vitória, que daria início ao sonhado tricampeonato em terras brasileiras. A maioria demorou a perceber que o juiz havia anulado o tento.
Um dos mais nervosos ali, Ivan Barreiro acabou de roer todas as unhas dali para frente. Nascido em Buenos Aires, o comerciante mora em Florianópolis com a família há 14 anos, mas não perdeu a paixão pela sua seleção, nem a camiseta que sua avó lhe deu na Copa de 1994, que carrega até hoje como amuleto da sorte.
– É muita paixão, muito orgulho da seleção. Esta final no Brasil é um sonho. Um argentino pode estar a quilômetros de distância que vai continuar torcendo pelo seu país.
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Ele tinha apenas quatro anos na última conquista argentina em uma Copa, em 1986, e neste domingo estava certo que voltaria a ver seu time levantar a taça. No entanto, no segundo tempo, o enredo da final ganhou toques dramáticos.
Junto com o nervosismo, a cantoria argentina só aumentou. Entre as músicas preferidas, o hit argentino nesta Copa – Brasil, decime que se siente – e uma provocação bem objetiva ao aos brasileiros: contavam alto até sete.
A prorrogação aumentou a preocupação, mas em Canasvieras, não havia dúvida: a Argentina seria campeã sem precisar ir para os pênaltis. Em férias no Brasil, uma turista vinda de Córdoba sentenciou:
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– Vai ser gol da Argentina agora, de Messi.
Porém, no segundo tempo da prorrogação, uma cena inesperada mudou completamente o roteiro e transformou a trilha sonora em tango argentino: gol de Götze. O sonho desmoronou. Incrédulos, todos no bar ficaram em silêncio. Para depois voltarem a entoar ainda mais alto o orgulho argentino.
Nos minutos finais da partida, um último supiro. Messi se prepara para cobrar uma falta na entrada da área e quem sabe cumprir a profecia da torcedora distante.
– Ole ole ole ole, Messi, Messi – era só o que se ouvia. Mas o camisa 10 mandou a bola para longe.
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No apito final do juiz, muitas lágrimas, seguidas de aplausos.

– Foi por muito pouco. Não dá para acreditar. Mas eles estão de parabéns, o orgulho continua – resume a argentina Tamara de Lira, de 28 anos, que passa férias em Florianópolis.
Na rua, superado o baque inicial, o reconhecimento de uma campanha honrosa virou comemoração: