Recém-chegado ao Brasil, um grupo de 70 cubanos foi hostilizado na noite de segunda-feira por médicos cearenses em Fortaleza. Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, um dos estrangeiros garantiu que vai cumprir a missão de três anos no país mesmo depois das agressões.

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– Fomos agredidos, mas vamos cumprir nossa missão aqui no Brasil de atender bem a população carente – disse o homem que preferiu não se identificar.

As provocações ocorreram na saída de uma aula inaugural do treinamento que 96 médicos estrangeiros vão receber na Escola de Saúde Pública do Ceará. Os profissionais foram obrigados a passar por um corredor humano montado pelos cearenses que gritavam palavras como “revalida”, “incompetentes” e “voltem para a senzala”.

Assustado, o cubano afirmou que aceitou o convite para trabalhar no Brasil com o intuito de ajudar a população, mas depois das agressões não pretende continuar no país.

– Tão logo termine o trabalho no Brasil retorno a Cuba, porque é em Cuba que tenho meu trabalho e minha família – desabafou.

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Antes de vir para o Brasil, o médico cumpriu uma missão de quatro anos no Haiti.

O secretário nacional de gestão estratégica e participativa do Ministério da Saúde, Odorico Monteiro, definiu as provocações como um ato de preconceito.

– O que eles fizeram foi um ato de truculência, violência, racismo, xenofobia e preconceito – disse.

Odorico também foi alvo das críticas dos manifestantes, que jogaram um ovo em seu jaleco e gritavam “Fora Odorico”.