Cuba condenou energicamente neste sábado o “golpe de Estado parlamentar” contra o presidente constitucional do Paraguai, Fernando Lugo, e anunciou que não reconhecerá o novo governo de Federico Franco, nomeado depois de sua destituição.

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O governo de Cuba “não reconhecerá autoridade alguma que não venha do voto legítimo e do exercício da soberania por parte do povo paraguaio”, informou uma declaração de sua chancelaria, lida no telejornal local.

O comunicado destacou que “este golpe se soma à longa lista de atentados contra a autodeterminação dos povos latino-americanos, sempre realizados pelas oligarquias com a autoria, a cumplicidade ou a tolerância do governo dos Estados Unidos”, a fim de “frear os processos de mudanças progressistas e de genuína integração” na América Latina.

“Depois de décadas de sangrentas ditaduras militares que assassinaram milhares de pessoas e exerceram o terrorismo de Estado e a tortura, com plena impunidade, esta estratégia violenta e antidemocrática foi retomada com métodos clássicos ou novos”, acrescentou a chancelaria cubana.

Foram mencionados como exemplos o “golpe militar e depois petrolífero contra a Venezuela, a tentativa desestabilizadora e segregacionista contra o Estado plurinacional da Bolívia, o golpe militar contra as forças progressistas em Honduras e a tentativa de golpe contra a Revolução Cidadã no Equador”.

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A chancelaria cubana enfatizou que a ilha “manterá sua colaboração médica estritamente humanitária” com o Paraguai e, “portanto, o centro oftalmológico de María Auxiliadora”, que funciona no departamento paraguaio de Itapúa (Sudeste), “continuará seus trabalhos enquanto for necessário”.

Segundo a declaração, esse centro ajudou “a recobrar ou melhorar a visão de 18 mil paraguaios”.

Lugo foi destituído na sexta-feira pelo Senado paraguaio depois de um julgamento político sumário, acusado pela Câmara de Deputados de “mal desempenho de suas funções” e substituído pelo vice-presidente, Federico Franco.

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Entenda o caso

Ex-bispo católico, Fernando Lugo foi eleito presidente do Paraguai em 2008. O motivo para o pedido de impeachment – proposto ao meio-dia de quinta-feira e aprovado no final da tarde desta sexta – é o “mau desempenho de suas funções”.

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A maior razão que levou a oposição a desencadear o processo foi a execução de seis policiais e 11 sem-terra em um confronto que ocorreu no dia 15 de junho, em Curuguaty, a 250km da capital Assunção.

A Câmara dos Deputados aprovou o pedido de julgamento político para destituir Lugo – por 76 votos a um. Na sequência, o Senado confirmou a decisão final para o impeachment para as 17h30min desta sexta. A condenação dependia da aprovação de 30 dos 45 senadores (dois terços).