A fábrica da BMW completa nesta quarta-feira um ano de atividade em Araquari. Na comunidade, poucas mudanças são vistas até agora. A operação, por sua vez, enfrentou situações inesperadas. A unidade conheceu sua primeira manifestação sindical em 15 de setembro. Cerca de 200 funcionários protestaram em frente à fábrica por temas como a participação nos lucros (PPR) e banco de horas.

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A mobilização e o teor dos pedidos, embora não sejam inéditos nas indústrias da região, chamaram a atenção porque a vinda da BMW gerou uma grande expectativa no mercado de trabalho – a companhia recebeu inúmeros currículos de todo o Brasil. O movimento não se alongou. Uma semana depois, as partes chegaram a um acordo, com o PPR aprovado e o banco de horas aceito por 70% dos funcionários.

O cenário político-econômico no País é outro desafio. O ambiente é muito diferente daquele que a montadora encontrou no momento em que tomou a decisão de investir no Brasil e começou a construir a fábrica. O quadro atual é considerado complexo.

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– O ano de 2016 será ainda muito desafiador para o segmento automotivo. A longo prazo, acreditamos em um horizonte de melhoria na economia – diz a diretora de relações governamentais do Grupo BMW Brasil, Gleide Souza.

Apesar da crise, o segmento premium tem sentido menos o impacto. Prova disso são as vendas registradas entre janeiro e agosto. A BMW teve um crescimento de 5,50% nas vendas se comparado ao mesmo período de 2014, enquanto concorrentes no setor como Audi e Mercedes registraram altas significativas.

Em um ano, saíram da fábrica 10 mil veículos (60% do volume nacional da BMW). A programação de instalação do parque fabril e a oferta de modelos estão sendo cumpridas à risca. Em outubro, a empresa passa a contar com os processos de carroceria, soldagem, pré-tratamento e pintura, e começa a produzir o Mini Countryman, último carro da lista que inclui os séries 1 e 3, X1 e X3.

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ENTREVISTA – Gleide de Souza

“Estamos estudando o cenário para 2016”

Negócios & Cia. – Qual é a sua análise sobre o mercado brasileiro para o setor de luxo?

Gleide Souza – A venda de automóveis no Brasil está em queda de 19,3% no acumulado de janeiro a agosto. Trata-se de uma redução significativa, que acompanha o desaquecimento da economia. Embora o segmento premium demonstre crescimento e o Grupo BMW registre alta de 3% nas vendas até agosto (emplacamentos de modelos BMW e Mini), na comparação com o mesmo período de 2014, o cenário é complexo e acompanhamos com cautela os movimentos do mercado. Nesse momento, em função da crise, a confiança do consumidor está em baixa, apresentando perceptivelmente efeitos negativos no setor automotivo. Isso se reflete no segmento premium, ainda que de maneira menos evidente.

N&C – Quais são as perspectivas para 2016?

Gleide – É muito difícil fazermos previsões. Acreditamos que 2016 será muito desafiador para o segmento todo. A longo prazo, acreditamos que há um horizonte de melhoria na economia. A BMW tem estratégia de atuação voltada para o crescimento sustentável da operação e, como a economia tem períodos de contração, estamos preparados para lidar com esses momentos.

N&C – O número de funcionários pode aumentar?

Gleide – O quadro de funcionários hoje é suficiente para girar a produção e acomodar um turno de trabalho. À medida que o mercado se desenvolver, podemos aumentar. Hoje, são cerca de 650 funcionários em Araquari. Estamos estudando o cenário para 2016.

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