Cerca de 6,3 mil crianças aguardam por uma vaga nos Centros de Educação Infantil (CEI) de Joinville, de acordo com a Secretaria de Educação (SED) do município com base no número de cadastros. Como consequência dessa demanda, a procura pelo atendimento da Defensoria Pública Estadual (DPE) em relação às creches aumentou de 110, em outubro do ano passado, para 190 até agora.

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Um dos casos é o do eletricista Tiago João Forte, 31 anos, que aguarda há mais de três meses por uma vaga. Ele e a esposa Gislaine resolveram colocar a filha Heloyse, de dois anos, na escolinha neste ano. Os dois realizaram o cadastro no site da prefeitura no início do ano, mas até agora não foram chamados para realizar a matrícula. O pai resolveu ir à Defensoria para resolver a situação.

— Fizemos a matrícula no site, mas não conseguimos a vaga. A minha esposa precisa trabalhar e não tem com quem deixar a minha filha — conta.

Segundo a defensora pública que atua na área dos direitos da infância e juventude, Larissa Leite Gazzaneo, a procura de vagas é uma demanda crescente na cidade. De janeiro a outubro de 2017, por exemplo, 225 pessoas agendaram atendimento por causa das vagas na educação infantil – destas, 110 foram atendidas e outras 114 pessoas não compareceram no dia marcado. Já de novembro do ano passado até abril, as marcações alcançaram 327 casos – sendo 190 atendidos e 137 não compareceram.

Para atender a demanda, a Defensoria realizou uma força-tarefa para antecipar os atendimentos agendados, ampliando horários e mudando protocolos. Além da crescente falta de vagas na educação infantil, Larissa acredita que outros fatores contribuem para a alta na procura.

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— As pessoas estão conhecendo mais o trabalho da Defensoria, e tentamos nos manter sempre muito próximos da população. Mas também pode refletir o período de crise durante o ano passado. Isso também provoca uma procura maior pelos serviços públicos — explica Larissa.

Casos são resolvidos sem passar pela justiça

Além do acesso às vagas, as famílias buscam o órgão para atender casos de transferência entre períodos ou localidades. Outro número que aumentou, aponta, foi a quantidade de casos resolvidos sem a necessidade de passar pelo Judiciário. Dos 110 do ano passado, 97 foram resolvidos extrajudicialmente. Até abril de 2018, 30 solicitações já haviam sido solucionadas.

De acordo o secretário de Educação, Roque Antonio Mattei, a fila de espera de crianças de zero a três anos para vagas nos centros infantis é dinâmica. O número oscila porque há abertura de novas posições e efetivação de matrículas todos os dias. A lista dá prioridade para famílias com vulnerabilidade social, deficiência e de acordo com o grau socioeconômico.

As maiores demandas estão na zona Sul, com cerca de 2,6 mil cadastros, seguida pela zona Leste, com 1,7 mil. A secretaria possui algumas frentes de trabalho para suprir a procura, como, por exemplo, a compra de vagas na rede privada, a melhora e ampliação da rede já existente e a inauguração de novas creches.

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— Estamos prevendo, até 2024, aumentar a nossa rede em sete novos CEIs, buscando parceria com o governo federal para isso — explica Mattei.

Neste mês, deve ser inaugurado o CEI Professora Felícia Cardoso Vieira, no Costa e Silva, que irá oferecer 158 vagas de zero a três anos, e a abertura de uma nova turma com 20 vagas no CEI Monteiro Lobato, no Paranaguamirim.

Além disso, o secretário aponta que a creche Nova Vila, no bairro de mesmo nome, também deve ser inaugurado nos próximos meses e deve ofertar cerca de 300 novas vagas. Uma dessas poderá atender a menina Heloyse, filha de Tiago e Gislaine, que mora no mesmo bairro.

Defensora pública questiona cadastro atual do município

A defensora pública Larissa Leite Gazzaneo solicitou à SED um levantamento para verificar se as crianças que estavam matriculadas em 2017 na rede privada conveniada estavam inseridas em CEIs neste ano. O pedido foi feito porque ela passou a atender casos de crianças que “pararam de estudar” porque não havia ofertas de vagas em 2018. Como esses alunos já estavam matriculados no ano passado, deveriam continuar na rede.

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A Secretaria enviou o levantamento quantitativo, depurando as informações e entrando em contato com as famílias para ofertar as vagas. Uma das informações que mais chamou a atenção da defensora durante o levantamento foi a imprecisão contida no cadastro, como telefones incorretos ou até mudanças na cidade.

— Chamou atenção o fato que nós temos que ter ciência do quantitativo real dessa demanda, e não somente um número baseado em cadastros. As famílias que realmente precisam desta oferta podem não estar conseguindo o serviço porque há todos esses cadastros anteriores —explica.

De acordo com o secretário de educação, Roque Mattei, o setor de estatística da secretaria cuida do cadastramento dessas vagas e também do censo escolar. A equipe faz o controle das demandas, recebe os cadastros, cruza e organiza os dados para que não exista duplicidade.

Ele ressalta ainda a importância das famílias manterem o cadastro atualizado. Como o sistema mantém uma busca constante, a atualização dos dados é fundamental para que a informação sobre a oferta chegue aos interessados.

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Compra de vagas reduz fila

Outra frente de trabalho da Secretaria de Educação é a compra de vagas na rede privada e em entidades sem fins lucrativos para ajudar a diminuir a demanda, gerando um total de 2.705 vagas. Neste ano, 554 posições já foram conveniadas entre prefeitura e CEIs sem fins lucrativos.

Já o credenciamento para compra dos 2.151 espaços restantes na rede privada ainda está em andamento. Ele foi lançado entre outubro e novembro nos anos anteriores, mas em 2018 não aconteceu. Segundo a SED, a demora ocorreu porque foi necessário verificar as mudanças realizadas no processo de credenciamento à Legislação. Atualmente, seis creches já foram aprovadas no edital gerando 452 espaços para a educação infantil. O credenciamento da rede privada continua até 23 de julho.