A diretoria da Associação Catarinense para Integração do Cego (Acic) vai expor nesta quinta-feira, 16, em entrevista coletiva as dificuldades financeiras que a entidade atravessa e como doações e ações voluntárias podem contribuir para que os serviços não sejam comprometidos. Com 39 anos de atividades em Florianópolis, o espaço considerado referência no trabalho para pessoas com deficiência visual sente o corte de verbas de convênios com prefeituras e Estado, que chega a aproximadamente R$ 250 mil no ano. Cerca de 95% dos recursos que ajudam a manter a Acic são originários dessas fontes.
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Um dos primeiros serviços atingidos pelo corte de verbas foi o Centro de Hospedagem. Com 48 leitos e atualmente servindo a cerca de 15 cegos, o espaço serve para alojar temporariamente usuários de outras cidades mais o acompanhante durante os dias úteis em Florianópolis.
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Outra situação preocupante é a ameaça de uma atividade considerada fundamental: as visitas às famílias, às escolas e às empresas que têm colaboradores cegos. Nos encontros, os técnicos conversam sobre necessidades específicas das pessoas com deficiência visual, como acessibilidade e preconceitos. Alguns dos assuntos são bastante esclarecedores, como namoro e sexualidade dos jovens cegos.
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— Temos um trabalho que é referência para pessoas com deficiência visual, e historicamente nossos usuários são de famílias com dificuldades financeiras e que dependem desse serviço — diz Jairo da Silva, presidente da Acic.
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Diretoria teme novos cortes
Silva conta ter havido uma ampla discussão sobre o corte de convênios, especialmente por que a a Lei Orgânica da Assistência Social (Loas) que estabeleceu o Sistema Único da Assistência Social (Suas), traz um entendimento sobre a necessidade de integrar o cego e a família.
Além das dificuldades atuais, a diretoria teme por novos cortes. O esvaziamento no atendimento está levando a decepção dos usuários e desânimo das equipes, diz Silva. Há, conforme o presidente, a clara possibilidade da Acic não ter como arcar com os salários dos 23 profissionais contratados. Ao todo são 65 profissionais, incluindo-se os cedidos.
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A entidade tem outras fontes de renda, como o bazar brechó, com renda mensal entre R$ 5 mil e R$ 7 mil. Além disso, recebe doações através de convênio na conta de luz da Celesc, no valor médio de R$ 1,5 mil mensais. Há ainda uma conta bancária à disposição e é possível colaborar através do Fundo para a Infância e Adolescência (FIA).
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A Acic atende áreas de habilitação, reabilitação, profissionalização, cultura, esporte e lazer. Hoje, em torno de 200 pessoas de todas as faixas etárias passam por mês pela sede, no bairro Saco Grande, na Capital. Ali, recebem atendimento individualizado e nas oficinas. No Centro de Aprendizagem e Desenvolvimento Infantil (Cadi), por meio de estimulação multissensorial, os bebês aprendem a tocar em objetos para descobrir formatos, texturas e tamanhos. Os maiores participam de atividades como alfabetização em braille, leitura, informática. Adultos se integram em oficinas, inclusive de profissionalização, como tear e crochê.