Apesar de o cenário ainda ser de cautela, mas a Secretaria da Fazenda de Santa Catarina afirma oficialmente que o pior da crise econômica já passou no Estado. Com números que mostram a retomada da economia e indicadores que ainda demandam preocupação, o governo prega uma gestão fiscal rígida para manter as contas em dia e minimizar o risco de nova piora do cenário. Confirma a entrevista com Almir Gorges, secretário de Estado da Fazenda.

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Com base nos indicadores da economia de SC, é possível afirmar que o pior da crise já passou?

Sim, conseguimos vencer o período mais duro da crise que arrasou as finanças de vários outros Estados. Os números começam a mostrar a tendência de retomada, porém não será rápido voltar aos patamares anteriores. Antes é preciso recuperar as perdas acumuladas.

O que precisa ser feito para manter as contas sob controle até o fim do ano e para 2018?

É preciso enxugar mais e mais. Onde houver oportunidade, precisamos fazer com menos recursos. A parte mais difícil é sensibilizar o conjunto de gestores, já que todas as áreas têm sua importância inquestionável. Mas, em nossa casa, se os recursos não são suficientes para tudo, priorizamos alimentação e saúde. Essa é a ordem no governo do Estado também. A sensibilização está maior nesse sentido, mas ainda é possível cortar mais. Um movimento importante se desenha nos bastidores, por meio do programa Estado na Medida. Estamos trabalhando na mensuração do Estado, com um time de especialistas do governo e da UFSC. Em breve, começarão a aparecer os primeiros resultados, que certamente serão referência para o Brasil.

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A partir de 2018, o pagamento dos empréstimos contraídos nos últimos anos não vai pesar demais nas contas?

A dívida está longe de ser o problema das contas do governo. Não se compara, por exemplo, ao que pagamos em folha e previdência. Em 2011, quando o Raimundo Colombo assumiu, o estoque da dívida de SC era de R$ 11,8 bilhões. De janeiro de 2011 a julho de 2017, o Estado contraiu mais R$ 8,4 bilhões em novos empréstimos. No entanto, nesse mesmo período foram pagos R$ 12,1 bilhões em dívidas, mostrando a capacidade do governo em honrar compromissos. O Estado tem um dos menores comprometimentos da receita com dívida: 39,68%. O limite determinado pela Lei de Responsabilidade Fiscal é de 200%. Historicamente, o endividamento do Estado vem caindo. O governo entende que paralisar investimentos em momentos de crise não é uma boa. Se o Estado tem capacidade para absorver novos empréstimos, não deve abdicar da responsabilidade em promover o desenvolvimento e, logo, a geração de emprego e renda. Caso contrário, estará contribuindo para acirrar a crise econômica.

Quais as perspectivas para 2018?

A tendência é de uma recuperação cada vez mais sólida para SC porque resistimos ao pior momento sem aumentar impostos, diferente do que fizeram mais de 20 Estados. Por conta disso, ficamos mais atrativos aos investimentos privados. Além disso, os novos financiamentos nos permitirão dar continuidade ao desenvolvimento e fomentar a geração de emprego e renda.

A situação da saúde parece ser um caso pontual. É isso mesmo?

A saúde é o ponto mais sensível numa crise. Muitas pessoas deixam os planos privados e migram para os serviços de saúde pública. Além disso, o Estado enfrenta o problema crescente da judicialização de medicamentos, que é polêmico, pois tira de um para dar a outros. De outro lado, os repasses à área vêm crescendo bastante, geralmente ultrapassando os percentuais obrigatórios por lei. Mas os recursos não crescem no mesmo ritmo das demandas. Não conheço a fundo o funcionamento da gestão interna da área, mas as dívidas já vinham se acumulando antes da crise – que fez piorar sensivelmente o quadro. Temos buscado receitas de todas as maneiras possíveis. A ordem é priorizar a saúde.

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