Gustavo Kuerten marcou a história de pessoas pelo mundo. Suas conquistas tornaram-se marco na vida de fãs e acompanham lembranças de momentos pessoais. Assim como faz na vida de milhares, Guga também tem quem marcou sua trajetória. Basta ler a autobiografia Guga – Um Brasileiro para perceber que muitos dos personagens que fazem parte da vida dele passam despercebidos do grande público.

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::: Confira as notícias de Guga e da Semana Guga Kuerten

No dia em que o manezinho lança sua obra em Florianópolis (às 19h, na Livrarias Catarinense do Shopping Beiramar), revelamos histórias de catarinenses que estão no livro e que, de alguma maneira, fazem parte da trajetória do tenista. Algumas dessas memórias você só vai ler nestas páginas.

Serginho Vianna, o amigo do surfe

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Quartas de finais de Roland Garros, Guga lutava contra o Russo Yevgeny Kafelnikov. No meio do jogo, o tenista brasileiro tinha sofrido uma virada. Foi quando lembrou de uma frase clássica de seu amigo Serginho Vianna:

– Calma. No começo é assim, depois piora.

O manezinho recuperou as forças e conseguiu a vitória histórica que o levou pela primeira vez a semifinal de um Grand Slam.

– Somos muito amigos e sempre fui de fazer piadas. Sempre dizia isso e o Kafelnikov começava devagar e ia aumentando o ritmo, então ele deve ter lembrado dessa frase – lembra Serginho.

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Os amigos se conheceram no tênis, mas foi o surfe que uniu eles. Guga gosta de surfar e foram as águas que o aproximaram ainda mais de Serginho:

– Por causa dele conheci lugares que não imaginei conhecer. Surfamos no Havaí, Costa Rica, El Salvador. Ele ficou famoso e nunca mudou – explica Vianna.

Marcelo Cascata, o instrutor de direção

Ao completar 18 anos, Guga tinha medo de dirigir. Um acidente de carro, em setembro de 1985, o deixou traumatizado. Larri insistia que ele tinha que aprender a dirigir. O jovem tenista então procurou o amigo Marcelo Cascata e pediu uma ajuda. O Voyage preto do pai de Cascata foi o veículo escolhido. Mas o amigo não foi o melhor dos professores:

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– O carro tinha um volante pequeno e a direção pesada. Na verdade ele deu uma tentada, não deu certo. O carro engasgou e ele preferiu não dar sequência.

A história hoje é motivo de risada entre os amigos, mas Guga garante que o problema não foi o professor:

– O volante era muito pequeno – reclamou Guga.

Cascata além de tentar ensinar o amigo a dirigir, derrotou Gustavo Kuerten algumas vezes na juventude.

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– Vencia, mas isso era porque eu sou mais velhos três anos. Então eu tinha uma vantagem física, depois ele ficou maior tudo e os jogos ficaram equilibrados – lembra o jogo professor de tênis.

Carlinhos Alves, o professor emocionado

A reta final da campanha de Guga em Roland Garros em 1997, quando conquistou o primeiro título, foi transmitida pela RBS TV. Carlinhos Alves, treinador do tenista na infância na Astel, comentava os jogos ao vivo. Mas na grande decisão, contra o espanhol Sergi Bruguera, o professor preferiu “fugir”. Estava muito nervoso para comentar. Foi para seu carro no estacionamento da TV. Escutou a final pelo rádio e explodiu de alegria com o resultado. Porém foi o que ele viu do alto do Morro da Cruz que o emociona até hoje:

– A cidade estava em festa, eram fogos de artifício, comemorações. Florianópolis vibrava por causa do tênis. Fiquei muito emocionado – relembrou com os olhos cheios de lágrimas.

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Pouco antes de Guga viajar para Paris jogar o Grand Slam francês Carlinhos encontrou o pupilo em um torneio em Curitiba:

– Ele me encontrou e falou: “Carlinhos vou lá e já volto”. Disse para ele continuar tentando, o Guga nunca foi de desistir. E aquela campanha de Roland Garros foi cheia viradas – comenta Carlinhos.

Dete, a mestre-cuca

– Até hoje ele me pede para fazer uma torta alemã, que ele adora. Hoje estou fazendo uma sopinha para o Luiz Felipe (filho de Guga). Sempre foi assim. Antigamente ele ia surfar e me ligava: “Dete, vou levar um amigo”. Eu já sabia que ia vir uns cinco. Já deixava preparada um feijão, fazia uns bifes com bata-frita para receber a tropa – conta.

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A fama chegou para Guga, mas ele não mudou. Dete garante que ele continua o mesmo menino:

– Simples, sempre foi. Continua bagunceiro. O carro dele é quase uma armário de tanta roupa – revela.

Hoje, Dete trabalha na casa da mãe do tenista, Alice, e gosta quando o apartamento está lotado com os filhos de Guga e Rafael.

– Junta as crianças e parece que a gente voltou no tempo. A casa era movimentada antigamente e com eles aqui sinto isso de novo.

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Olavo, o jornalista

Toda vez que alguém ligava a cobrar para a redação do Diário Catarinense já se sabia que o telefonema era para Olavo Moraes. Guga jogava os torneios internacionais e ligava para o DC para passar os resultados. Olavo dava atenção ao menino e apostava nele empolgado com as conquistas.

– Ele me ligava a cobrar, passava os resultados e eu lutava por um espaço para ele no jornal.

Às vezes o tenista gostava de valorizar as vitórias. Certa vez de Portugal, antes de ligar para o jornal Guga conversava com Márcio Carlsson que teve a ideia de substituir os nomes dos adversários portugueses por americanos, para parecer mais importante. Carlsson então sugeriu chamar um dos oponentes de Robert Plant.

– Mas isso não é nome de roqueiro? – indagou Guga antes de cair na risada.

Hoje, o ex-subeditor de Esportes do Diário Catarinense trabalha na Semana Guga Kuerten, ao lado do garoto que apostou há mais de 20 anos.

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