Na missão mais importante que já ganharam da vida, Elaine Comper e Alice Cardozo da Silva recebem a ajuda de mães como Dalva de Souza. São mulheres joinvilenses que, sensibilizadas pela maternidade, apoiam-se umas às outras para cuidarem de seus filhos ou para enfrentarem os medos sobre a gestação e o nascimento de um bebê.

Continua depois da publicidade

>> Confira um vídeo com as história dessas mulheres especiais

“AN” escolheu três histórias de mães para celebrar a data dedicada a elas neste domingo. Uma das histórias conta o “mergulho” de Giovana para a vida e a forma que a mãe dela, Alice, encontrou para driblar os anseios e ter um gestação feliz com o apoio da doula (acompanhante de parto) Eloiza Fernandes Giraldi.

Outra história é a de Elaine, que teve Heitor de forma prematura e precisou aprender a técnica do canguru para fazer o filho ganhar peso e conhecer a própria casa de forma mais rápida. O método aproximou a mãe do filho e de pessoas como a enfermeira Fernanda Nunes.

Continua depois da publicidade

Para completar, vamos contar a história de Dalva de Souza, mãe que é uma das maiores doadoras de leite materno para bebês prematuros e recém-nascidos da Darcy Vargas, em Joinville. São histórias de vida, de superação e de doação que servem de exemplo para muitas famílias.

O abraço que fortalece

Heitor passa o dia inteiro aninhado na bolsinha de canguru feita pelas enfermeiras da maternidade. É um bebê esperado há 15 anos, tempo em que Elaine Comper viveu entre a dúvida e o medo. Ela não queria repetir as complicações da primeira gestação, quando teve pressão alta e precisou receber cuidados especiais. Aos 31 anos, Elaine já tem Kênia, filha mais velha que completará 15 anos.

A primogênita nasceu de modo menos complicado se comparado a Heitor, que teve o parto induzido na 34ª semana de gestação. O menino já estava ficando sem oxigênio e alimento e, conforme o tempo passava, o líquido da placenta diminuía. Nasceu pesando 1,6 kg. Em 21 dias de “canguru”, atingiu 1,845 kg, e agora, com mais 55 gramas, deixa a maternidade para conhecer o berço que é só dele.

Continua depois da publicidade

Desde que o filho nasceu, em 14 de abril, Elaine vive na maternidade. Passa os dias na sala – que é mais o próximo que a maternidade pode chegar de uma casa – do método Canguru, diluindo as dúvidas sobre ser mãe de novo.

– E agora, será que consigo fazer como fazia antes? – diz Elaine, em um questionamento que cresceu assim que soube da segunda gravidez.

Além de a mãe ter contato direto com o bebê pelo método Canguru, Elaine reaprende a cuidar. Desde a troca de fralda até a amamentação, tudo é feito de modo que ela tenha autonomia e possa repetir os cuidados em casa.

Continua depois da publicidade

Conforme a enfermeira Fernanda Nunes, que está grávida de 11 semanas e ajuda no processo, o método tem três etapas e um foco:

– O cuidado feito pele a pele é o principal, além de manter o bebê quente – diz Fernanda.

Fornecer calor ao bebê é fazer com que ele cresça recuperando o tempo de desenvolvimento que perdeu ao nascer prematuramente. A primeira etapa começa na gestação, com o conhecimento do método. Na fase intermediária, bebês e mães ficam sob os cuidados da equipe de 16 tutores de sete formações profissionais. Elaine está prestes a entrar na terceira fase, em que o Heitor ganha alta e deve voltar à maternidade para acompanhamentos periódicos até atingir o peso de 2,8 kg.

Continua depois da publicidade

A assistente social Zaira Alchieri, coordenadora do método que já tem dez anos na Darcy Vargas, afirma que o diferencial do Canguru é que “pai e mãe podem participar” dos cuidados com o bebê. Mesmo as crianças que respiram por aparelhos, desde que estejam com a saúde estabilizada, podem receber o abraço canguru, que as fortalece.

:: Tumblr brinca com as respostas sobre a profissão dos filhos

:: Confira uma lista de restaurantes para comemorar o Dia das Mães em Joinville

Sob a proteção das doulas

Eloiza Fernandes Giraldi descobriu seu maior talento ao ser mãe pela terceira vez. Uma gravidez de gêmeos coroada pelo parto normal a fez acreditar que poderia ajudar outras mulheres a serem mães. Os médicos diziam que ela teria de passar por cirurgia para ver nascer as filhas. De tanto pesquisar sobre o assunto, abandonou o conselho médico. Quando estava prestes a se render a uma cesárea, viu a bolsa romper numa caminhada e as meninas nasceram de parto normal.

A mãe de quatro filhos e três partos normais resolveu estudar em São Paulo, no Grupo de Apoio à Maternidade Ativo (Gama), para se profissionalizar e compartilhar tudo que o aprendeu com a sua natureza feminina e materna. Assim, tornou-se doula. Nas contagens dela, em Joinville, existem apenas quatro profissionais aptas à doulagem, que é o acompanhamento da gestante desde os primeiros meses de gestação até os primeiros anos de vida do bebê. São tão poucas quanto desconhecidas pela população.

Continua depois da publicidade

– Não achava que em Joinville existisse esse tipo de profissional – afirma Alice, mãe de segunda viagem.

Depois de ter diabetes gestacional, o que causou uma intervenção na gestação de Cecília, Alice, 33 anos, queria escrever uma nova história, com direito a parto normal e amamentação. Há três anos, ela não pôde fazer isso por Cecília, mas hoje consegue isso com Giovana. Muito se deve ao fato de ter encontrado, por meio de uma amiga, a doula Eloiza, que participou de tudo como alguém que faz parte da família.

– Ela (Eloiza) me tranquilizou e me deixou muito confiante para eu cuidar bem da Giovana – diz Alice.

Continua depois da publicidade

O suporte oferecido pelas doulas é tanto emocional quanto educacional. Elas explicam as mudanças que o corpo da mulher passa durante uma gestação, antes mesmo de elas acontecerem. Dessa forma, a mulher compreende o próprio corpo. Uma vez por mês, no Sesc de Joinville, mães e doulas se reúnem para as orientações. Quem pode, busca atendimento especial, que é remunerado por hora.

Quem ajuda é a mãe

Maria Eduarda Sgrott tem apenas cinco anos, mas sabe explicar com detalhes os motivos que fazem a mãe dela, Dalva de Souza, estar na maternidade.

Além de Maria Eduarda, Dalva tem Heloísa, de seis meses, e, nas duas gestações, conta que sempre teve leite abundante. Quando ganhou a segunda filha, Dalva estava com 34 anos e já sabia o caminho da doação. Ela chegou a fornecer à maternidade 16 potes com 800 ml de leite a cada semana.

Continua depois da publicidade

De acordo com a coordenadora de enfermagem do banco de leite, a enfermeira Rosane Goelzer, hoje Dalva é uma das maiores doadoras. Na história da Maria Eduarda, quem ajuda é a mãe. Antes de fazer as compras para viagem de visita aos parentes no interior de Santa Catarina, ela e a irmã foram levadas por Dalva à maternidade para fazer a doação. O processo de “ordenha” é bastante rápido.

Uma máquina simula a sucção feita pelo bebê durante a mamada. O leite é imediatamente armazenado em um vidro esterilizado. Desde pequena, antes de comprar os doces para a viagem em família, Maria Eduarda vê a mãe doar leite materno.

– Sempre fui uma mãezinha com muito leite. Não tomo nada, só água. É de mim mesma. Fico feliz em poder ajudar outras mães.

Continua depois da publicidade

Atitudes de mulheres como Dalva mantêm o banco de leite da maternidade sempre ativo. Para doar, a enfermeira Rosane Goelzer garante que é preciso amamentar seus filhos e ter leite de sobra, além de fazer alguns testes para doenças infectocontagiosas – o mesmo feito para doadores de sangue. Antes do leite ser pasteurizado e congelado para uso futuro, ele passa pela triagem dessas doenças.

Mãe de dois meninos, um já rapaz e outro bebê, Rosane garante que não existe leite fraco e que a mulher só se fortalece ao amamentar. Sempre que está a seu alcance, ela compartilha experiências. Para as mães entristecidas, ela conta a própria história, a de uma mulher que viu a filha viver pouco tempo e, mesmo assim, não desistiu da vida.

Confira um vídeo com a história dessas mulheres especiais: