Existe uma tarefa difícil em tempos de Carnaval na Capital: conseguir um tempo para falar com o Rei Momo, que neste ano entra em seu 30° reinado. O grande homem por baixo das suntuosas roupas de rei é Hernani Hulk, 61 anos, que só conseguiu conversar com a reportagem da Hora por telefone, dentro do carro, preso na fila que o levava ao tradicional Carnaval do Zé Pereira, no Ribeirão da Ilha, neste domingo. Para ele, isso não é um problema. Pelo contrário: é pelo Carnaval que vive.
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Hernani, o homem inconfundível na multidão não apenas pelas roupas brilhantes, mas também pelo tamanho – pesa mais de 100 quilos e tem quase 2 metros de altura, carregados pelos pés tamanho 48 – afirma que o Carnaval é coisa séria e exige atenção especial.
Hoje aposentado, ele trabalhou por 35 anos na área de telefonia. Mas nessa época do ano, sempre triou férias. Só assim arrumava tempo para estar em todos os eventos relacionados ao Carnaval na Grande Florianópolis e representar a figura que personifica o espírito dessa época.
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O Rei Momo garante, porém, que não se trata de um personagem.
– Eu sou assim mesmo, alegre, pra cima. Para mim, o Carnaval é tudo – resume.
E foi “tudo” desde cedo. Nascido em Blumenau, Hernani começou a se envolver no Carnaval logo na adolescência, nos blocos de sujos. A grande incentivadora sempre foi sua mãe, Ana da Costa Barbosa.
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– Usei muita roupa da minha mãe, ela me incentiva muito. Ela me pintava, botava vestido dela, calçado, sutiã. Participava de bloco de sujo, vestido de Viúva Porcina. Fiquei muito conhecido e o povo começou a me incentivar – recorda.
E assim começou um caminho sem volta: são 40 anos de Carnaval, 30 deles como rei da maior festa do país.
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– Alemão de Blumenau, Rei Momo na Capital – rima Hernani, que se tornou um verdadeiro manezinho. Torcedor do Figueirense, é pai de quatro filhos e avô de sete netos. Atualmente no segundo casamento, ele mora em Palhoça.
A família não se envolve nas festividades tanto quanto ele, mas incentiva, assim como a mãe fazia. E no meio carnavalesco, o que não faltam são apoiadores. Hernani é respeitado por onde passa. Afinal, é ele quem recebe as chaves da cidade diretamente das mãos do prefeito, todo ano, dando início oficial ao Carnaval, como fez na última sexta-feira durante o Berbigão do Boca.
– Todos me respeitam porque eu também respeito todos eles. Hoje são 17 escolas, a admiração é por todo mundo. Isso motiva muito – garante.
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Na quinta-feira passada, quando foi eleita a nova rainha do Carnaval da Capital, Hernani foi homenageado em plena passarela Nego Quirido, onde viu sua história acontecer. Seu primeiro título foi em 1986, quando herdou a coroa do até então rei, o Lagartixa. Na época, eram realizados concursos para a escolha do rei, mas desde 2003 o cargo preenchido por Hulk passou a ser vitalício.

– São 30 anos com muito orgulho, tranquilidade, paz, espírito carnavalesco, simpatia e muito amor pelo Carnaval. Sem este amor, eu não estaria neste posto há 30 anos – disse Hulk em seu discurso. Quando questionado sobre o que ele espera para os seus próximos anos conduzindo a Corte, ele destacou o seu desejo pela saúde e força: “Porque eu não sei viver sem o Carnaval”.