Uma das bandas precursoras do manguebeat, movimento musical brasileiro carregado de maracatu do início da década de 90, a Nação Zumbi faz show neste sábado de Carnaval em Santa Catarina no festival multicultural Psicodália, que começa nesta sexta e vai até quarta-feira, em Rio Negrinho, no Norte do Estado, reunindo mais de 200 atrações.
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O grupo formado por Jorge Du Peixe (voz), Lúcio Maia (guitarra), Dengue (baixo), Pupilo (bateria), Toca Ogan (percussão), Gustavo da Lua (percussão) e Tom Rocha (tambor) deixa o Carnaval de Recife – cidade onde se apresentou na semana passada no tradicional bloco Siri na Lata – e sobe ao Palco Lunar na Fazenda Evaristo.
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Em entrevista por telefone, Du Peixe falou sobre a expectativa da apresentação, a produção do novo disco previsto para 2017, o lançamento de um documentário que destaca a figura de Chico Science e o cenário da música brasileira contemporânea. Confira:
Psicodália: parque de diversões no meio do mato para hippies de todas as épocas
A Nação Zumbi já participou de festivais como Garanhus, Planeta Terra e até Rock in Rio. Agora vocês vêm pela primeira vez ao Psicodália. Esse tipo de palco multicultural é a cara de vocês?
Muitas pessoas já haviam comentado sobre o Psicodália. Sabemos que vai gente de tudo que é lado do Brasil. Estamos curiosos. Espero que seja a primeira vez de outras que virão na sequência. É sempre bom quando passamos por aí (Santa Catarina). Vai ser um prazer passar por aí durante o Carnaval e fazer essa folia com vocês. Estamos preparando uma apresentação especial para a noite. Vamos fazer a festa.
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Podem adiantar um pouco?
O repertório vai ser parecido com o que a gente levou para Nova York há poucos meses no Central Park Summerstage, festival em que tocamos há 20 anos ainda com o Chico (Science, antigo vocalista que faleceu em um acidente de carro), que agora completou 30 anos e nos convidou para participar novamente. Foi quando montamos esse repertório especial, com uma dinâmica muito boa.
O último trabalho foi lançado foi em 2014. O que vem por aí?
O novo disco está se encaminhando. Já começamos a mexer numa música ou noutra, mas nada que se possa falar muito ainda, porque não temos os temas inteiros, nem o nome. Isso vai se formatando. É um ano recheado de comemorações ao Chico, que faria 50 anos. Está sendo feito o primeiro documentário que tenta formatar e trazer pessoas que estiveram próximas a ele. Vamos lançá-lo neste ano também, quando faz 20 anos do nosso segundo disco, Afrociberdelia. A gente pensa em fazer inclusive um show na íntegra do álbum. Enfim, está muito corrido e isso é bom. E nesse meio tempo vamos formatar o disco e lançar, assim espero, no começo do ano que vem.
O Brasil cada vez mais tem sido palco de festivais musicais. A música brasileira tem espaço nesses eventos?
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Claro, com certeza. Tem uma cena jovem aparecendo aí. De tempo em tempo tudo se renova. Hoje temos tecnologia suficiente para isso. Tem muita coisa boa sendo feita dentro de um quarto. Também tem uma gurizada se profissionalizando. Jovens produtores, jovens músicos, enfim. Existem nichos no universo digital, mas que não são totalmente vistos pela TV como era há 20 anos. A produção acontece por outras vias. Pessoas colocando a mão na massa no esquema do it yourself. Há gente rodando o país em festivais de porte menor, fazendo acontecer. Nada se centralizando mais em Rio de Janeiro/São Paulo. As pessoas falam que a gente passa por um hiato de criatividade, e eu discordo completamente disso. Tem muita gente trabalhando e fazendo muito som legal.
Ainda há diferença entre se apresentar na metrópole e no interior?
Quando subimos no palco, a gente tem de fazer o que sabe fazer. Teatro, palcos menores, festivais propiciam emoções diferentes. Um palco em um lugar menor fica muito mais próximo do público, por exemplo. Mas a intenção deve ser a mesma em todos os lugares. A ideia é levar as suas verdades para o palco. A sua alma ali tem de estar inteira.
São mais de 20 anos de estrada. O que mudou da década de 90 para cá?
Muita coisa, cara. Você muda de hoje para amanhã. Em constante estado de mutação. Como se comportar em estúdio, como mexer com influências que você acaba ouvindo e se alimentando todos os dias. A gente tem de consumir de tudo: cinema, quadrinhos, literatura. Não só música. Então tudo isso acaba gerando um monte de informações para o disco que vem. O próximo já vem diferente desse último, que é muito mais harmônico, melódico. A gente acha que tem condução sobre as músicas, mas às vezes são as músicas quem empurram e conduzem você. É uma matemática improvável. É difícil afirmar algumas coisas antes de o disco ficar pronto.
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O manguebeat segue vivo?
Estamos aqui. Ainda tem muita lama para se lambuzar. Vamos chafurdar muito na lama ainda. A lama que move, a lama se altera. A ideia do mangue é que tudo se transforma. Se você pode ir a vários lugares, por que ir a um só? Cada disco é mais um desafio. Estúdio hoje em dia é um parque de diversão para a gente. Chegamos praticamente com 70% do disco encaminhado e muito se desenvolve mesmo só lá dentro do estúdio.
Agende-se
O quê: Psicodália 2016
Quando: de sexta (5) a quarta-feira (10)
Onde: Fazenda Evaristo (Rua Afonso Koehler, s/n, Rio dos Bugres, Rio Negrinho)
Quanto: passaportes a R$ 420 (mais taxas administrativas) _ 4º lote, à venda no site Disk Ingressos. O passaporte dá direito a área para camping, utilização de banheiros e da cozinha coletiva, acesso a todos os eventos da programação e a visitas a lagoas, cascatas e trilhas
Mais informações: site oficial do Psicodália 2016