– Tudo bem? Você tem uma linda bunda.
Foi assim, usando as poucas palavras em português que aprendeu, que Sacha Baron Cohen atendeu ZH ao telefone. Duas vezes. Na primeira, ao repórter Daniel Feix, ele falou conforme atendera os demais profissionais da imprensa escrita mundial: como o próprio comediante Sacha Baron Cohen. Na segunda, a Roger Lerina, colunista de ZH e apresentador da TVCOM, Sacha encarnou o histriônico e desbocado General Shabazz Aladeen, personagem de seu novo filme, O Ditador, em performance repetida aos demais repórteres de televisão.
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Entrevista
Almirante General Shabazz Aladeen Personagem do filme “O Ditador”
Zero Hora – Boa noite, General Aladeen!
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General Almirante Shabazz Aladeen – Olá, Brasil e resto do Ocidente! Samba, samba e arriba!
ZH – Ok… Primeiramente, o que você fez em Nova York?
General Aladeen – Estava lá olhando todos os lugares, a Estátua da Liberdade, o Central Park, o prédio do Empire State e a cortina em que Dominique Strauss-Kahn limpou seu pênis depois de ter assediado a empregada do hotel. Fiz compras para meus amigos, Kim Jong-un me deu US$ 100 milhões para gastar em rosquinhas cremosas e crocantes para ele.
ZH – Como você se descreveria para o resto do mundo?
General Aladeen – Sabe, eu sou homem de uma família simples. Até agora, tive 79 esposas. Todas elas vivem muito felizes juntas numa pequena sepultura. Morreram de velhice. Todas chegaram aos 23 anos e depois… Tchau, hora de pegar uma nova!
ZH – O que você diria para seus colegas que se encontram em uma situação difícil agora, como Mubarak, do Egito, e Assad, da Síria?
General Aladeen – Eu diria para esperarem passar, essa Primavera Árabe é uma coisa passageira, como a questão afegã e os direitos humanos. E outra coisa, se vocês têm wi-fi nos seus palácios, coloquem a porcaria de uma senha. Ou então todo mundo vai começar a usar o Facebook. Eu disse isso para o Mubarak e ele não fez, ele colocou como senha “Egito” e sofreu imediatamente.
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ZH – Bom conselho! Como um líder de importância estratégica naquela região, qual é, na sua opinião, a solução final para o conflito no Oriente Médio?
General Aladeen – A resposta está, claramente, com a nação norte-americana. Eles têm feito um trabalho maravilhoso até agora. A ação deles na crise da Síria merece um prêmio incrível. Eu diria que, apesar de eles não terem feito coisa alguma para ajudar o povo sírio, eles não devem descansar. Se vocês estão escutando, nação americana, lembrem-se, rapazes: vocês podem sempre fazer menos!
ZH – Você não tem medo de terminar como Saddam ou Kadafi?
General Aladeen – Escuta, eu terminei com o Kadafi. Ambos vivemos no meu palácio em Wadiya. Ele se mudou para lá depois que atiraram no seu dublê de corpo na Líbia, no ano passado, e agora ele não vai embora. O homem é um pesadelo! Ele está sempre deixando os DVDs nas caixas erradas, é uma coisa muito séria. Eu fui assistir Batman: o Retorno, e na caixa do DVD ele deixou o Jumanji! Você viu Jumanji?
ZH – Sim.
General Aladeen – É terrível! Por isso ele era tão odiado.
ZH – Como gostaria de ser lembrado pelo povo de Wadiya?
General Aladeen – Sabe, eu passo tanto tempo todos os dias pensando nas inscrições nos túmulos das outras pessoas que eu nunca pensei na minha. Mas não se preocupe, eu nunca vou morrer. Como todos os meus 65 médicos pessoais me disseram, eu vou viver para sempre. Isso acontece apenas quando você é um ditador…
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ZH – Qual é o segredo para viver para sempre?
General Aladeen – Matar todos os outros.
ZH – Quais são os líderes mundiais que inspiram você?
General Aladeen – Obviamente diria Hitler ou Stalin, mas isso é tão óbvio quanto dizer Beatles e Stones quando perguntam qual é a sua banda preferida. Ultimamente, estou inspirado pelo presidente Obama, por apavorar e arruinar a esperança mundial. Também pelo Assad, por continuar a comandar com um punho de aço, apesar de ter HIV, e também por Hugo Chávez, por continuar a comandar com um punho de aço, apesar de ter morrido de câncer há três meses. Ops, não era para eu ter revelado isso…
ZH – O que você gostaria de fazer no Brasil, se você pudesse visitar o nosso país?
General Aladeen – Melhoraria as relações comerciais entre Brasil e Wadiya, talvez construir uma linha de “bombas”, para nós bombearmos o petróleo de vocês, e vocês bombearem nossas supermodelos.
ZH – Muito obrigado pelo seu tempo, General Aladeen, e cuidado com os seus compatriotas, ok?
General Aladeen – Ok, “obrigado” (em português)! Como vocês dizem: “Vocês têm lindos bumbuns, pernas e peitos” (em português)!
Confira entrevista com o comediante Sacha Baron Cohen, ator do filme “O Ditador”