Você pode ter oito ou 80 anos, não importa. Para gostar de música antiga não existe idade ou manual de instruções. Desde as notas rústicas dos instrumentos até a beleza sincronizada do coro de vozes, vários motivos fazem alguém se apaixonar por melodias de épocas passadas.

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– A música antiga tem contrastes muito bonitos. Num momento pode ser triste e logo depois alegre. É sentida de formas diferentes pelas pessoas e pode ser apreciada não só pelo som, mas também através dos belíssimos instrumentos responsáveis pelo som único – comenta o maestro Roberto Rossbach.

Rossbach iniciou os estudos musicais em 1986, tem graduação em Música, especialização em Ensino da Arte pela Furb e mestrado em Musicologia Histórica pela Udesc. Nesta semana participa de dois eventos voltados à música erudita em Blumenau: o Mestres do Barroco hoje e a Semana da Música Antiga que começa amanhã. Ao lado, ele dá dicas para quem quer fazer o “ritual de iniciação” neste universo da melhor forma. Anote aí:

1) Abra o coração

Um dos pontos mais bonitos da música antiga é o contraste. As diversas cores musicais são visíveis neste tipo de música. Em um momento o público pode se sentir alegre e exaltado, e logo depois triste e comovido… É a beleza da música.

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2) Tente conhecer os compositores antes

Quanto mais a pessoa estuda, conhece, sabe sobre os períodos que estão sendo apresentados, mais vai poder apreciar a música. Para quem quer começar a ouvir, indico compositores como Bach, Schütz, Vivaldi, Telemann…

3) Aprenda a apreciar o hibridismo

Os instrumentos antigos, como o cravo, o órgão e o violino feito de tripa, não costumam ser utilizados em concertos eruditos. Mas é interessante ver como a sonoridade pode ser adaptada e como ela fica diferente quando se toca uma obra antiga em um instrumento que não é contemporâneo.

4) Preste atenção ao texto

Os compositores souberam muito bem retratar com a música o que o texto diz. Na música barroca, principalmente nos coros vocais, existe algo chamado Retórica Musical e também a Teoria dos Afetos. Por exemplo: uma música rápida remete ao afeto, enquanto algo mais lento já é mais triste.

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5) Curta o clima intimista

A orquestra barroca é menor, um conjunto reduzido de instrumentos. Diferente de uma orquestra sinfônica, por exemplo, que é grande. De forma geral, a música antiga é feita por grupos chamados de conjuntos de câmara. A acústica de lugares pequenos é melhor e você ouve o instrumento sem precisar de amplificação.

Muito antes da vitrola

Porta de entrada de músicos que estão iniciando carreira, a música erudita costuma ser a primeira opção também para quem prefere se afastar das músicas chiclete atuais, mas não sabe por onde começar. A disseminação de períodos como barroco, renascentista e medieval é tão forte que, no Vale do Itajaí, vai ganhar seis dias dedicados ao tema. É a Semana da Música Antiga, que começa amanhã e segue até domingo no Distrito da Vila Itoupava, em Blumenau, em comemoração aos dois anos do projeto Vila EnCantos. Na programação, mostra de instrumentos antigos (cedidos pelo Museu da Música de Timbó) e concertos gratuitos. A semana encerra com o inédito Mestres do Barroco, espetáculo do Vocal Consort Blumenauensis que tem sessão gratuita hoje no Teatro Carlos Gomes.

No Mestres do Barroco serão apresentadas quatro obras dos compositores Heinrich Shütz, Johann Sebastian Bach e Francesco Durante, sob orientação vocal de Marcos Liesenberg e regência do maestro Roberto Rossbach.

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Foto: Divulgação

Guilherme de Camargo se dedica a tocar músicas do século 19

O Anexo conversou com o músico Guilherme de Camargo, que se apresenta na Vila Itoupava às 20h30min de amanhã. De São Paulo (SP), ele é doutorando em Musicologia pela USP, onde se graduou também bacharel em violão erudito. Vem se destacando como um dos mais importantes instrumentistas de cordas dedilhadas antigas do país.

O que diferencia a música antiga dos demais gêneros?

A música antiga não é exatamente um gênero, mas uma maneira de se aproximar do repertório escrito até o século 19. A partir desta visão procura-se interpretar a música do passado baseado em documentos da época das composições, bem como utilizar-se de instrumentos que sejam ou originais ou cópias dos instrumentos antigos.

É possível apreciar a música antiga sem muito conhecimento sobre ela?

Sem dúvida! Apreciar esta maneira de tocar e este repertório independe de qualquer tipo de conhecimento prévio, apenas de sensibilidade e curiosidade.

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Agende-se

O quê: Mestres do Barroco

Quando: hoje, às 20h, no Teatro Carlos Gomes de Blumenau, e domingo, às 20h30min, na Associação da Haco

Quanto: gratuito

O quê: Semana da Música Antiga

Quando: de terça a domingo. Abertura da exposição de instrumentos antigos amanhã, às 10h. Programação completa em facebook.com/VilaEncantos.

Quanto: gratuito