Compras pela internet cresceram alimentadas por fenômenos de marketing como a Black Friday no Brasil, mas também por um intenso movimento de troca de informações sobre sites internacionais que oferecem preços baixos. O relatório Webshoppers, elaborado pela E-bit, projeta que até o final do ano, ao menos 51 milhões de internautas no país terão feito compras online. Os mais populares são portais de e-commerce da China, em inglês ou português, que oferecem de maquiagem a roupas por US$ 1 – a maioria com frete grátis.

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Verônica Cavalcanti, 20 anos, estudante de Direito, participa de um grupo no Facebook que tem quase 13 mil integrantes trocando dicas de compras em sites da China. O prazo de entrega varia e pode chegar a 60 dias, mas Verônica diz que os produtos sempre chegam no período previsto:

– Apesar de demorar, nunca tive problemas com a entrega, e o melhor do site é que dá para conversar com os vendedores e resolver algum problema que possa aparecer.

Preços muito abaixo dos nacionais encorajam os consumidores a enfrentar receios, como não receber os produtos, ser vítima de fraudes e até ter problemas com a Receita, além de não ter 100% de certeza de que a marca é a original.

– É preciso cuidar para não cair na ilusão de grandes diferenças de preço. É preciso desconfiar de tudo o que foge muito do normal – adverte Cristiano Aquino, diretor do Procon estadual.

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– A gente respeita a decisão do consumidor sobre onde comprar – afirma Vilson Noer, presidente da Associação Gaúcha para o Desenvolvimento do Varejo (AGV). – Mas aqui no Brasil, se um lojista vender um produto de marca falsificado, pode ser punido. Brinquedos, por exemplo, têm de passar por vários testes.

Na explicação sobre a diferença de preço, entra a barata mão de obra chinesa, mas características do Brasil também fazem parte da conta, como impostos altos e infraestrutura deficiente. A fisioterapeuta Mariana Gomes, 26 anos, comprou recentemente todos os presentes de Natal em um site da China:

– Conheci o site há uns três meses e comprei várias roupas para o meu filho. Quando eu vi que deu certo, que tudo chegou, voltei ao site e já garanti o Natal.

Verônica compra com frequência no site AliExpress – Foto: Carlos Macedo

Alerta da Receita

Toda importação feita via Correios está sujeita a tributação federal de 60% mais ICMS estadual, independentemente do valor.

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A cota máxima para importação pelos Correios é de US$ 3 mil.

Se a encomenda não é fiscalizada pela Receita nos Correios, não é possível fazer cobrança posterior de impostos ou multas.

Viajantes têm direito de trazer do Exterior ao Brasil produtos para uso pessoal que custem até US$ 3 mil.

Até US$ 500, os produtos são isentos de impostos. A partir desse valor, é cobrada uma taxa de importação de 50% sobre o excedente.

Presentes são considerados de uso pessoal, mas encomendas, não.