As entranhas historicamente problemáticas do complexo prisional da Agronômica, em Florianópolis, agora estão sob suspeita de maquiagem no real número de presos abrigados. A revelação documentada feita pela repórter Talita Rosa, da RBS TV, pondo em xeque a contagem oficial de detentos, coloca em dúvida as reais condições do espaço.
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Nos últimos anos, se estimava oficialmente que cerca de 2,3 mil presos ocupassem ao total as unidades existentes, entre homens e mulheres — sem dúvida uma real situação de superlotação. Além da verificação a fundo das planilhas, o fato poderia ser o ponto de partida para que o juizado da execução penal local e o Ministério Público atuassem com informações à população sobre a verdadeira realidade do cárcere.
Em área residencial, com 86 anos de existência, a penitenciária da Capital foi palco de fugas e tentativas de rebelião no passado. Detentos costumavam fugir pela área de mata dos fundos, mas também pulando o muro da frente, episódios que forçaram melhorias na segurança. Vale lembrar que são raríssimas as autorizações para jornalistas entrarem e visitarem as unidades, o que impede fiel descrição do lugar. Autoridades prisionais justificam nas negativas a questão de segurança.
Hoje em dia, servidores relatam que haveria umidade, eletricidade exposta e esgoto na chamada casa velha, a parte mais antiga, em suposto quadro de degradação aos encarcerados. Sem conseguir construir novas unidades prisionais na Grande Florianópolis, com medidas de “quebra-galhos”, reformas e ajustes, o Estado se vê diante de uma caixa-preta misteriosa.
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