Com flores brancas nas mãos, amigos e familiares se despediram de Tamara Pereira na manhã desta sexta-feira no Cemitério São José, no Centro de Blumenau. Nas rodas de conversa, a lembrança da menina meiga se misturava ao questionamento da morte. Todos queriam entender o motivo pelo qual ela foi morta.

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O corpo chegou ao cemitério às 11h, mas desde cedo já havia pessoas próximas de Tamara reunidas para dar o último adeus à jovem. Prima de Tamara, Aparecida da Costa foi a última pessoa da família que viu a jovem no sábado, dia 21, noite em que ela saiu de casa por volta das 21h para ir a uma festa. Aparecida lembra da prima sentada no banco do ponto de ônibus, vestida com uma calça jeans e uma blusa branca:

– Eu estava indo comer em uma lanchonete da rua e vi ela de longe sentada no banco. Nunca vou me esquecer daquela cena. Ficou marcada na minha cabeça. Quando cheguei em casa, ela ainda estava online no Facebook.

Segundo a prima, ela estava mexendo no celular na última vez em que a viu.

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– Ela era muito na dela, centrada e cabeça. Não se metia na vida de ninguém e era muito doce – concluiu a prima.

Tamara Pereira era a filha mais velha de Ester Helena Pereira. Nos últimos meses, ela dividia com a mãe o desejo de comprar o próprio carro. Trabalhava como repositora de estoque no Supermercado Schneider, no bairro Água Verde. Conforme a mãe, parou de estudar depois de se formar no Ensino Médio, mas queria voltar à vida acadêmica.

Entenda o caso

Tamara foi vista pela última vez na rua Frei Estanislau Schaette, no bairro Água Verde, em Blumenau no dia 21 de junho. Ela saiu para ir a uma festa no bairro Progresso e não voltou para casa.

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Taís Pereira, tia da garota, reconheceu o brinco e a chave que estavam junto ao corpo. Além da identificação dos objetos, o Instituto Médico Legal (IML) confirmou a identidade de Tamara através de suas impressões digitais, coletadas na tarde desta quinta-feira.

A família não foi autorizada pelo IML de Blumenau a ver corpo, que já estava em estado de decomposição, mas segundo Taís os objetos e a roupa encontrados com a mulher batem com o que Tamara tinha e vestia no dia que desapareceu. De acordo com a Polícia Civil, a jovem teria sido morta com pancadas na cabeça.

– Vai ficar um vazio imenso agora. A Tamara era a minha filha mais velha, sempre muito protetora com as duas irmãs. Era alegre, carinhosa tinha muitos amigos que gostavam dela. Não tem explicação para o que aconteceu – desabafou a mãe da vítima por telefone.

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Amigos e familiares de Tamara foram ao IGP de Blumenau na tarde desta quinta para fazer o reconhecimento do corpo. Segundo o instituto, o corpo ainda está passando por avaliações e será liberado para a família na manhã de sexta-feira. Como o corpo está em avançado estágio de decomposição, não será realizado velório.

O delegado responsável pelo caso, Ronnie Esteves, afirmou que não antecipará informações para não prejudicar o andamento das investigações. Limitou-se a dizer que a Polícia Civil mudou o foco, já que trabalhava inicialmente com a chance de Tamara ainda estar viva.

Exemplo em casa e nas quadras

O esporte era parte importante da vida de Tamara. De acordo com Claudionei Laguna, ex-preparador-físico da equipe de futsal feminino de Blumenau, a jovem que foi jogadora e defendeu a cidade em várias competições era uma jovem exemplar e dedicada. A mãe conta que Tamara treinava sempre aos sábados e de vez em quando se reunia com os colegas para fazer um churrasco.

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– Ela começou com essa coisa de esporte com uns 10, 12 anos. Sempre gostou muito de esporte, desde bem pequena – relembra Ester.

Em meio à vida corrida de aspirante a esportista, a jovem encontrava tempo para trabalhar como repositora de estoque no Supermercado Schneider, no bairro Água Verde. Conforme conta Ester, parou de estudar depois de se formar no Ensino Médio, mas tinha vontade de voltar à vida acadêmica.

– Tamara gostava de sair, ouvir música, ir ao cinema e fazer tudo que as meninas da idade dela gostam de fazer. Infelizmente veio alguém e acabou com tudo isso – lamenta a mãe.

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Vídeo auxilia nas investigações

As imagens de uma câmera de segurança divulgadas pela Polícia Civil mostram uma pessoa vestida com calça preta e blusa brança, o mesmo estilo de roupa que Tamara vestia durante a última vez em que foi vista, entrando em um carro. Logo em seguida, o veículo acendeu os faróis e saiu. Confira o vídeo abaixo:

Caso Tamara

21 de junho – Tamara Pereira, de 23 anos, foi vista pela última vez. Ela morava no bairro Água Verde e saiu de casa para ir em uma festa no Progresso. Morena de 1,53 metros, vestia calça jeans preta, blusa branca de botões e uma jaqueta de couro ecológico preta.

23 de junho – depois a família registrou um Boletim de Ocorrência (BO) informando o desaparecimento da jovem.

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28 de junho – A Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Central de Polícia de Blumenau recebeu por telefone a informação de um possível paradeiro da moça. A informação acabou não se confirmando.

30 de junho – Polícia Civil coletou imagens das câmaras de segurança de estabelecimentos comerciais da região em que Tamara desapareceu.

1º de julho – Familiares e amigos de Tamara se reuniram para um protesto pacífico na rua Frei Estanislau Schaette, no bairro Água Verde, em Blumenau.

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2 de julho – A jovem foi encontrada morta em Ilhota e a tia reconheceu os objetos que estavam com ela (brinco e chaves).