Considerado emblemático, o caso Cabo Anselmo será julgado na tarde desta terça-feira pela Comissão da Verdade e a Comissão de Anistia. José Anselmo dos Santos alega ter sido perseguido pela ditadura militar, preso e exilado na década de 1960. Mas, na década de 1970, ele passou a colaborar com o regime e há registro de que informações fornecidas por Anselmo tenham contribuído para a morte de mais de 200 opositores. É a primeira vez que a comissão julga um caso de agente duplo.
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Quanto à expectativa deste julgamento, o presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, afirmou que o caso é histórico, mas não há previsão sobre o resultado.
– O Estado decidirá (na terça-feira) acerca do dilema histórico em torno do Cabo Anselmo, sua condição de vítima ou de repressor, e tomará uma decisão a respeito do seu direito de anistia. O relator apresentará o seu parecer, será dado um espaço de testemunhas e de oitiva dos advogados e, na sequência, nós tomaremos a decisão.
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Na segunda-feira, foram acertados os detalhes da cooperação entre a Comissão da Verdade e a Comissão de Anistia, subordinada ao Ministério da Justiça. Participaram do encontro o presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, e quatro dos sete integrantes da Comissão da Verdade: Gilson Dipp (ministro do Superior Tribunal de Justiça e coordenador da comissão), José Carlos Dias, Rosa Maria Cardoso da Cunha e Cláudio Fonteles.
De acordo com Paulo Abrão, o trabalho integrado está previsto na Lei que criou a Comissão da Verdade.
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– A lei prevê que a Comissão da Verdade e a Comissão de Anistia, bem como a Comissão de Mortos, devem trabalhar de forma integrada, então a reunião tratou da criação de uma agenda de trabalho comum e como promover atividades de integração entre essas comissões.
Abrão informa que a primeira reunião entre as comissões foi produtiva. Ficou acertado que o trabalho será integrado por inteiro, com troca total de informações produzidas por ambos os lados.