Um ano e cinco meses depois de começar a ser implantada, a ciclovia da Avenida Atlântica ainda gera polêmica. Desta vez o motivo é uma proposta do comércio de Balneário Camboriú, que pede que veículos possam estacionar na área exclusiva para ciclistas durante à noite e madrugada na baixa temporada. Recentemente, o Sindicato do Comércio Varejista (Sincomércio) e a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) alegaram que a falta de vagas de estacionamento no Centro provocou redução de 40% nas vendas dos últimos dois meses.
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Para James Lenzi, proprietário de um restaurante na Avenida Atlântica, desde que a ciclofaixa foi implantada, em 2013, o comércio vem percebendo redução de até 50% no movimento noturno durante o inverno. O empresário explica que a ideia é que a área possa servir de estacionamento para veículos entre 20h e 3h, período que, segundo ele, não há movimento de ciclistas.
– A retração tem ocorrido realmente pela dificuldade de acesso. Isso é geral entre os estabelecimentos. Na última semana a Atlântica estava praticamente morta por causa da chuva e do vento, e ninguém sai de casa se tiver que se molhar para chegar até o restaurante – afirma.
Lenzi diz que seu estabelecimento tem parceria com um estacionamento privado a uma quadra dali. No entanto, nem mesmo o convênio ajuda a recuperar as vendas. Para ele, o compartilhamento da ciclovia é a solução ideal até que se faça o alargamento da faixa da areia.
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::: Falta de estacionamento reduz movimento no comércio de Balneário
O presidente do Sincomércio, Hélio Dagnoni, concorda com a proposta. O empresário afirma que os comerciantes não são contra a ciclovia, mas querem uma solução para que o setor não seja prejudicado. Ainda, de acordo com ele, a partir das 21h o uso da ciclovia diminui bastante na baixa temporada.
– Como o alargamento da faixa de areia pode demorar muito, a sugestão seria compartilhar a ciclofaixa de abril a outubro, quando os reflexos são mais fortes. O comércio de rua está acabando, estão esquecendo a parte econômica – reclama.
Associação é contra compartilhamento
Presidente da Associação de Ciclismo de Balneário Camboriú e Camboriú (ACBC), Luiz Carlos Chaves Júnior é contra o compartilhamento da ciclovia. De acordo com o dirigente, o comércio local deveria concentrar sua energia para atrair os ciclistas aos restaurantes:
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– Eles reclamam do baixo movimento, mas não oferecem promoções ou estacionamentos para atrair o cliente. Nenhum estabelecimento na Avenida Atlântica tem bicicletário adequado. Hoje em dia quem anda de bicicleta tem uma renda mais alta e se eles conseguirem captar essa clientela vão ter um movimento melhor.
O secretário de Planejamento de Balneário, Fábio Flor, também é contra:
– Temos que buscar espaços alternativos no Centro e incentivar o transporte coletivo, isso é o futuro – diz.