No dia 31 de março encerrou o prazo para que comerciantes deixassem o camelódromo da Baía Sul, em Florianópolis. Eles já saíram de lá e têm até metade de abril para desmontarem as estruturas das bancas. Os trabalhadores tentaram negociar com a prefeitura para serem realocados, mas isso não ocorreu.
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— Muitos não tem lugar pra trabalhar — disse uma das comerciantes ao Jornal do Almoço.
A prefeitura diz que teria que ser feita uma nova licitação para encaixar as bancas em outros espaços públicos, mas isso não está previsto. Com o fechamento do camelódromo, a estrutura ficaria vazia, o que abre espaço para outra ocupação. Muitos andarilhos já ocupam o local. Até um sofá já foi levado para o prédio e quem passa por ali se sente inseguro.
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A promessa da prefeitura era a construção de uma Passarela Jardim naquele terreno. A área é da União, mas a prefeitura pretendia fazer uma parceria para esta obra. O projeto foi feito em 2014 e dependia de liberação, mas a prefeitura mudou de ideia. A obra custaria R$ 35 milhões, um custo que se tornou inviável.
Agora, está sendo estudada a possibilidade de construir no local um Paço Municipal, que abrigaria os prédios da prefeitura e do Tribunal de Justiça, mas ainda não existe projeto nem prazo.
Quem circula pela área pede que o terreno seja ocupado. Criar um estacionamento também é outra possibilidade levantada pela administração municipal. O terreno tem 32 mil metros quadrados e o negócio seria administrado pela Comcap. No entanto, para isso também não há projeto e também depende da União liberar a área.
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As repórteres Larissa Vier e Gabriela Machado, do JA, questionaram a prefeitura mais de uma vez sobre o impasse em relação à área. Não obtiveram resposta se teve custo para o projeto da passarela. Sobre o Paço Municipal, uma nota informou que seria feito um concurso em parceria com Instituto dos Arquitetos do Brasil e que isso vem sendo discutido no ano passado, mas não há nada concreto.
Relembre o caso
– A prefeita Ângela Amin entregou o aterro da Baía Sul, área da União, para os comerciantes que costumavam atuar na Rua Conselheiro Mafra em 1991. A decisão foi tomada para aplacar os conflitos dos trabalhadores com os vendedores do Mercado Público.
– Após estruturarem comércio popular, camelôs viram o Direto do Campo e o estacionamento da Comcap também serem alojados no terreno.
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– Na primeira metade de 2013, o estacionamento foi desativado e o prédio do Direto do Campo demolido.
– Em agosto do mesmo ano, o juiz federal Hildo Peron sentenciou a saída do Camelódromo no prazo de 18 meses. O impasse seria o uso de área pública (pertencente à União) para a iniciativa privada (Camelódromo) sem processo licitatório.
– Após quatro vezes adiada a saída dos comerciantes populares, em uma reunião entre o juiz federal autor da sentença, Prefeitura e Camelódromo ficou decidido que a estrutura continuará no local até que sejam apresentados prazos e orçamento para execução da Passarela Jardim. O projeto foi concebido em 1978 pelo arquiteto do Ipuf, José Tabacow, que imaginou uma área de lazer para o local, com espaço para um shopping popular.
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