Há quem só conheça Nelson Rodrigues como autor de tragédias e dramas de final infeliz, mas o grupo catarinense Teatro Sim… Por que não?!!! resolveu lidar com outra faceta do Anjo Pornográfico: o humor das crônicas rodrigueanas, publicadas em jornais cariocas durante a década de 1950, virou peça homônima à coletânea A Vida Como Ela É, com três apresentações marcadas para os próximos dias no Teatro Dionísio, no bairro dos Ingleses.
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No palco, sete atores encenam cinco histórias utilizando diferentes técnicas de interpretação. Máscaras, jogos de sombras, quadro vivo (teatro com imagens estáticas, passando a impressão de que a cena está congelada), dublagem e atores sendo manipulados como marionetes entram em cena para a montagem da adaptação de viés cômico, escrita pelo diretor Luis Artur Nunes. Com foco no exagero e no caráter destemperado dos personagens, paixões e traições ganham um tom mais lúdico.
– O texto é leve, solto. O Luis conseguiu pinçar o humor na obra do Nelson. Além disso, tudo na peça é muito teatral – explica o diretor de palco do grupo, Júlio Maurício.
O espetáculo estreou em junho de 2010 e, desde então, foi apresentado em cidades como Vitória, Porto Alegre e mais de 30 em Santa Catarina. Em Florianópolis, teve temporadas no Teatro Álvaro de Carvalho e no Teatro da UFSC.
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>> Teatro Dionísio foi inaugurado em dezembro de 2012 com concerto da Camerata Florianópolis
Sem palavras
A peça até poderia ser descrita como um monólogo, não fosse pelo fato de que a atriz, sozinha em cena, não pronuncia uma palavra sequer. A Garota da Capa é uma comédia visual, que dispensa o recurso da fala, concebida coletivamente pela atriz Andréa Padilha e pelo diretor inglês John Mowat.
Para Andréa, que já soma 23 anos de carreira como atriz – mais da metade dos quais dedicados à ação dramática sem fala -, encenar peças sem pronunciar palavras desperta a curiosidade do público e é um desafio do ponto de vista dramatúrgico.
– É difícil, mas uma grande oportunidade para o ator, pois exige um trabalho muito maior de presença cênica – explica a atriz.
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No palco, a solitária personagem interpretada por Andréa se relaciona com as figuras que encontra nas páginas de suas revistas, colecionadas aos montes. Objetos, pessoas, comportamentos e estilos de vida passam, então, a fazer parte de sua fantasia: quer ser bela, jovem, rica, viajada e desejada, mas está sozinha em seu apartamento.
Apesar de cômica, a peça, que estreou há cerca de um ano, também tem seus momentos dramáticos, em que critica a obsessão pela juventude e pelos modelos de beleza apresentados nas revistas de moda.
Agende-se
O quê: A Vida Como Ela É
Quando: quinta, sexta e sábado (dias 10, 11 e 12 de janeiro), às 21h
O quê: A Garota da Capa
Quando: domingo, dia 13, às 21h
Onde: Teatro Dionísio, em Florianópolis (Servidão Safira, 148, bairro Ingleses – atrás do supermercado Angeloni, no Colégio Santa Terezinha)
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Quanto: R$ 40 e R$ 20 (meia-entrada)
À venda no site Blueticket (www.blueticket.com.br)