A partir de terça-feira Santa Catarina deixa de contar com um espaço privilegiado junto à presidente Dilma Rousseff (PT). A ministra Ideli Salvatti (PT) não vai mais despachar no gabinete do quarto andar do Palácio do Planalto, de onde comanda desde junho de 2010 a Secretaria das Relações Institucionais (SRI).

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O governo federal confirmou ontem a troca que era especulada durante toda a semana: o deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP) assume a vaga e Ideli vai para a Secretaria de Direitos Humanos, substituindo Maria do Rosário (PT-RS), que vai concorrer nas eleições de outubro. A petista catarinense não resistiu ao desgaste das sucessivas batalhas com a base aliada no Congresso, embora comemore deixar o cargo sem contabilizar derrotas em projetos de maior interesse do governo e como recordista em permanência desde que a pasta foi criada em 2005.

– Estou voltando para o começo de tudo, quando ajudei fundei e presidi o Centro de Direitos Humanos de Joinville no final dos anos 1970. Vou cuidar de uma área com a qual tenho afinidade e história – afirma a ministra.

Mesmo na periferia do poder, Ideli promete continuar intermediando questões de Santa Catarina junto ao governo federal e à presidente Dilma.

– Nunca deixei de atender e, estando ao meu alcance, encaminhar. Fiz isso como ministra da Pesca, fiz na SRI e vou fazer como ministra dos Direitos Humanos. No que a gente puder vai ajudar, contribuir, apontar caminhos – afirma.

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Desde o início do mandato de Dilma, Santa Catarina teve presença na articulação política. Na curta passagem de Luiz Sérgio (PT-RJ) pela pasta, entre janeiro e junho de 2010, o secretário-executivo _ segundo cargo mais importante na hierarquia _ era o catarinense Claudio Vignatti, hoje presidente do PT-SC. Demitido por Ideli, o petista acredita que ela manterá a força política mesmo longe do gabinete de Dilma.

– Santa Catarina é privilegiada porque tem duas posições no ministério. As articulações que Ideli fez com todos os ministérios nesse período em que comandou as Relações Institucionais vão fazer com que ela continue a ter peso onde estiver – afirma Vignatti, citando a posição de Manoel Dias (PDT) como ministro do Trabalho.

Nas Relações Institucionais, Ideli também participou do processo de aproximação entre Dilma e o governador Raimundo Colombo (PSD) – que se elegeu como opositor da presidente petista e hoje é apoiador de sua reeleição. Nos bastidores, a avaliação é de que a saída de Ideli não interfere no relacionamento entre a presidente e o governador.

– A Ideli não fazia a intermediação entre Dilma e Colombo, porque a relação deles era direta. Até atrapalhava, porque tentava ser esse degrau – afirma um aliado de Colombo.

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