Dos 83 filmes lançados comercialmente no país, neste ano, lançamentos ou relançamentos, apenas cinco deles foram dirigidos por mulheres. A expressividade do número se conecta a um artigo do The Guardian lançado na semana passada, que avalia a escassez de mulheres atrás das câmeras, em Hollywood, e cria um debate sobre a porta de entrada delas – hoje, em maior evidência, no cenário televisivo.
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Nomes como Michelle McLaren começaram a surgir com bons olhos nos estúdios, após o sucesso em séries como Breaking Bad e Game of Thrones, algo que rendeu, inclusive, rumores em filmes de estúdio, tal qual Mulher Maravilha. No artigo do jornal britânico, a cineasta Susanne Bier (foto) chega a denunciar que tudo que não seria feito por um homem branco, no cenário contemporâneo, é considerado filme de arte ou de nicho por estúdios. A saída encontrada para diretoras conseguirem expor suas vozes em um mercado plural foi a televisão, segundo ela.
Dois filmes de SC são exibidos no Cinema do CIC
Isso é corroborado, igualmente, nas próprias estreias de 2016, no Brasil. Dos cinco filmes, o único de grande estúdio é o terceiro exemplar de Kung Fu Panda, agora com a direção de Jennifer Yuh. Os outros quatro chegam no cenário independente, como Body, Boa Noite, Mamãe, Coração de Cachorro e Astrágalo.
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É sintomático, portanto, que listas exclusivas de quais os melhores filmes lançados por diretoras continue sendo uma realidade – devido a falta de igualdade na indústria. Nos próprios filmes, o papel da mulher cresceu, mas não o suficiente. Se pegarmos alguns clássicos de mulheres fortes, determinadas e inteligentes, a maioria era masculinizada por seus diretores: seja no trio de protagonistas de Faster, Pussycat! Kill! Kill! ou na franquia Alien; ainda que, claro, uma crítica à cultura americana também estivesse explícita em alguns casos.
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No filme de Russ Meyer, por exemplo, havia uma mistura da fragilidade feminina (de até então) com a femme fatale do cinema noir, algo que culminava nas personagens de Tura Satana, Haji e Lori Williams, além de estabelecer a lógica do subgênero Grindhouse.
O filme dialogava sobre o papel das mulheres na sociedade, o que era refletido no comportamento dos homens da família: o idoso que odiava as liberdades delas e a maneira como se vestem, o macho alfa interpretado por um brutamonte com músculos exagerados e que afetavam seu cérebro, bem como seu comportamento complacente, e um casal representando o sonho americano que virava vítima daquelas mulheres.O problema é que 50 anos se passaram e o filme de Meyer continua atemporal e pertinente.
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Surfe da ilha em cartaz no cinema do CIC
Nesta semana, o Centro Integrado de Cultura (CIC) tem sessões gratuitas de dois curtas e um longa-metragem com temática catarinense. Na quinta-feira e no sábado, 17 e 19 de março, os filmes Rio da Madre, de Fábio Brüggemann; e Antonieta, de Flávia Person, serão exibidos.
O primeiro aborda as personalidades de uma pequena comunidade do interior, onde todo mundo sabe da vida de todo mundo, enquanto o segundo celebra a vida de Antonieta de Barros, uma professora, cronista e feminista negra, que foi pioneira na política como a primeira deputada do Estado e a primeira negra a assumir mandato popular no país.
Já na sexta-feira e no domingo, 18 e 20 de março, é a vez do filme Pegadas Salgadas, de Luciano Burin, que aborda a cultura do surfe na ilha.
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As sessões ocorrem sempre às 20h e são frutos de uma parceria entre Fundação Catarinense de Cultura (FCC) e o curso de graduação de Cinema da Unidade Pedra Branca, da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul).