O resultado do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) divulgado nesta quinta-feira passou longe de ser uma surpresa para analistas de mercado. O indicador, considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), apontou queda de 0,01% em setembro em relação a agosto e baixa de 0,12% no terceiro trimestre na comparação com o período anterior. Os números reforçam a expectativa de economistas para um resultado negativo no índice oficial, que será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no dia 3 de dezembro.

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Economistas citam o maior grau de endividamento do consumidor e o fraco desempenho da indústria, com vendas em baixa e estoques cheios, entre as principais causas para os números do período. Segundo o professor de economia da UFRGS, Fernando Ferrari Filho, a expectativa para o terceiro trimestre é de um PIB que “se não for negativo, será próximo de zero”. De acordo com o economista, o desempenho fraco na indústria, especialmente do setor automotivo, foi uma das principais influências negativas do período.

Para o ano, Ferrari estima um crescimento de, no máximo, 2,5% para a economia brasileira. No início de 2013, a equipe econômica do governo apontava para uma alta de 4% do PIB.

Baseado nos índices da produção industrial, já divulgados pelo IBGE, o analista de atividade econômica da Tendências Consultoria Integrada, Rafael Cacciotti, aponta para uma queda de 0,3% no PIB no terceiro trimestre.

– O acúmulo de estoques na indústria acaba explicando a redução na produção. É um cenário ruim – explica.

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Crescimento emperrado

Entre os motivos para o desempenho tímido no ano, o professor da UFRGS aponta o que chama de política econômica equivocada do governo – que prioriza o controle a inflação -, o cenário internacional desfavorável, a morosidade no debate das reformas consideradas essenciais, como a tributária e previdenciária, e o investimento abaixo do necessário em infraestrutura.

Dentro desse cenário, Ferrari não vê com otimismo uma recuperação da atividade econômica para 2014 e projeta números similares aos de 2013.

– Arriscaria não mais do que 3%, 3,5%, cruzando os dedos para que dê certo.