Há um ano e três meses, Vanderlei da Silva, 42, encontrou o local que iria mudar a vida de sua família. Foi do que muitos consideram lixo que ele e sua esposa, Emilia de Bairro Nunes da Silva, 35, conseguiram reorganizar o orçamento e garantir o sustento dos seis filhos. É em um box da Associação Jaraguaense de Recicladores do Vale do Itapocu que o casal trabalha, tirando no mínimo R$ 2 mil por mês.

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– Agora, conseguimos dar para os filhos coisas que antes não tínhamos como dar. Consegui trocar meu carro por um mais econômico também. Nossa vida mudou 100%. Para nós não é lixo, é nosso material de trabalho – afirma ele.

A família de Vanderlei é apenas uma entre as 19 que fazem parte da associação e que encontram no material reciclado sua fonte de renda. Além dela, outras 13 entidades recebem as cargas da coleta seletiva municipal – tudo é higienizado, separado e vendido.

Desde que a Prefeitura implantou o Programa Recicla Jaraguá, em dezembro de 2013, o volume de lixo destinado para seleção teve um aumento de 127%, saltando de 144 caminhões coletados, em dezembro de 2013, para 328, em dezembro de 2014. Segundo o presidente da Fundação Jaraguaense de Meio Ambiente, Leocádio Neves e Silva, a meta é chegar à reciclagem de 30% dos resíduos produzidos na cidade. Com esse número, todo o lixo seco descartado no município seria reciclado – segundo um levantamento elaborado pela Associação dos Municípios do Vale do Itapocu (Amvali) em 2013, 32% do lixo destinado ao aterro eram de materiais recicláveis; 16% de rejeitos (como fraldas, medicamentos etc.) e 52% de lixo orgânico.

Agora, é nesses 52% que a Fujama deve focar a atenção. O objetivo é reduzir ao máximo a quantidade de lixo orgânico destinado ao aterro, incentivando a população a práticas como a compostagem. Para isso, a educação ambiental deve ser utilizada.

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Outra expectativa para o trabalho com o lixo reside na criação do Plano Intermunicipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (Pigirs). A ideia é reunir os municípios da Amvali e tratar em conjunto o lixo, reduzindo com isso a despesa individual de cada Prefeitura. Por enquanto, os prefeitos analisam a proposta, e uma reunião em fevereiro deve dar indicações da continuidade ou não do projeto.

Entidades devem ser regulamentadas

Enquanto o Plano Intermunicipal não sai do papel, as entidades jaraguaenses que separam o lixo devem enfrentar novas normas. Neste ano, deve ser lançado um edital, no qual todas as entidades devem se cadastrar para poder receber cargas. Para se habilitarem, todos precisarão regularizar sua situação, obtendo documentos como o habite-se, alvarás dose bombeiros e da Vigilância Sanitária e licenças da Fujama. Por um período, será feita uma distribuição em escalas: os regularizados recebem 60% do total das cargas, enquanto os demais dividem o restante.

Leocádio admite que para boa parte das entidades, a regularização completa pode ser difícil. Porém, a medida visa tanto que as entidades tenham toda a documentação em ordem, quanto que coletores de menor porte se associem, criando espaços únicos e maiores para a seleção do lixo seco.