Antes das 7h desta segunda-feira começaram a chegar os primeiros comerciantes para a retirada das mercadorias na ala norte do Mercado Público. Com os tapumes cercando toda a ala, os atuais proprietários dos boxes chegavam os poucos com carrinhos e sacolas pela única entrada liberada.
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Nas paredes internas pichações demonstravam a revolta das pessoas diante da licitação. Diferente do último sábado, a descoupação foi sem conflitos, mas o clima era de revolta.
Funcionários reclamavam a perda do emprego e proprietários questionavam que não puderam ficar até o Natal para vender o estoque. O gerente de mercados da Prefeitura de Florianópolis, Erick Schmidt, acompanhava a desocupação junto a Guarda Municipal.
– Hoje é o último dia, mas aqueles que cooperarem vamos permitir a retirada até o fim da semana – destaca Schmidt.
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Porém a Secretaira de Administração da Prefeitura ressalta que a tolerância é em relação a equipamentos grandes que porventura não possam ser retirados nesta segunda-feira, mas as mercadorias para comercialização que forem deixadas no local serão recolhidas e só poderão ser retiradas com a nota fiscal.
Segundo a Prefeitura, as obras já começaram na ala norte que depende apenas de alguns ajustes, já que foi totalmente reformada por conta de um incêndio em 2005. As adequações vão aliar a estrutura a nova proposta de Mercado Público. A expectativa é que a ala norte esteja pronta em março de 2014, quando os novos permissionários ocuparão os boxes.
Para o vice-presidente do Mercado Público, Carlos Artulino Pereira, a saída dos comerciantes tende a ser pacífica, já que não há mais o que fazer.
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– Cercaram no sábado sem uma ordem judicial e a Justiça não quer reconhecer o direitos destes comerciantes, não temos mais força- lamentou.
Comerciantes retiram mercadorias
Desolado, Antônio Liberto Bernardo, no auge dos seus 82 anos, olhava com lágrimas nos olhos para a sua loja na parte de fora da Ala Norte, de frente para a rua Conselheiro Mafra. Enquanto ensacava as várias peças coloridas de saias e blusas, lembrava seus 57 anos de trabalho no local.
– Lembro de quando a água batia na entrada do Mercado – disse.
Bernardo venceu a licitação para uma loja de aviamentos no interior do Mercado, mas não sabe se vai continuar. Aos 82 anos teme se ainda tem tempo para tocar o negócio da família.
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Gilberto Tomas Dutra, proprietário há 15 anos de uma lanchonete no Mercado Publico, também conseguiu na licitação a chance de continuar no ramo de alimentos, mas ele teme como vai ser seu negócio daqui pra frente. Para ele, o novo mix do Mercado não vai atender as expectativas da população.
– Vou pagar um aluguel em torno de 60% mais caro em uma loja bem menor. Quem elaborou essa licitação não conhece o Mercado. Tem várias produtos que escolheram que não vai ter comércio aqui- avalia o comerciante.
Ação para prorrogação do prazo foi negada
Na noite do domingo, dia 17, o o juiz Davidson Jahn Mello, plantonista do Tribunal de Justiça, negou pedido dos comerciantes, em ação movida à tarde, pela prorrogação do prazo de permanência para janeiro.
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A prefeitura informou que os comerciantes tinham conhecimento de que a comercialização de produtos ocorreria até as 12h de sábado. Sobre o início das obras no feriado, a alegação foi um erro da JK Engenharia.
Com os tapumes ao redor da Ala Norte – erguidos sábado à noite -, o único acesso agora é pelo portão junto à Praça da Alfândega.
Cronograma dos trabalhos
* 16 de novembro: montagem do canteiro de obras – atendimento normal ao público
* 18 de novembro: prazo final para desocupação da Ala Norte pelos antigos comerciantes, interdição do local e início das obras
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* 26 de novembro: divulgação dos ganhadores do Concurso Nacional para Cobertura do Vão Central do Mercado Público
* Março de 2014: fim das obra na Ala Norte
* Abril de 2014: início das obras na Ala Sul – Julho de 2014: fim das obras