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A diarista Sandra Kremke, 49 anos, cedeu um terreno de 1,2 mil metros quadrados para o empresário Marcos Queiroz construir um prédio em 2013, em Joinville. A área era dela e de outros quatro irmãos, recebida de herança após a morte do pai. Cada um deles teria o direito a um apartamento do empreendimento em troca, com previsão de entrega para março de 2016. Até agora nenhum tijolo da estrutura foi erguido e o terreno continua no nome do empresário.
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Nesta semana, Queiroz foi condenado por apropriação indébita e crime contra a economia popular, mas a Justiça apontou que não houve comprovação de que ele tenha articulado algum tipo de fraude para enganar pessoas e obter vantagens econômicas.
— Eu fiquei indignada com essa decisão. Não foi apenas uma pessoa lesada, foram várias. Quando vemos a quantidade de processos, como o juiz faz um negócio desses? — questiona a diarista.
Na época, o Ministério Público apontou o caso como um dos maiores golpes cometidos em Joinville. Marcos Queiroz foi denunciado pelo MP por suspeita de ter vendido centenas de apartamentos na planta sem ter condição de entregá-los aos compradores. Na denúncia, ele e a esposa Ana Cláudia ainda eram apontados pelos crimes de formação de quadrilha, estelionato e fraude na entrega de coisa.
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Na condenação, o juiz César Tesseroli apontou que os dois agiram de maneira criminosa ao anunciar seis condomínios, divulgando informações básicas de projeto e valores, sem que os empreendimentos estivessem regulares e aprovados pelo poder público. A pena de Marcos foi de 7 anos, 10 meses e 12 dias de reclusão no regime semiaberto. Ana Cláudia foi sentenciada a 6 anos, 10 meses e 12 dias de reclusão, também no semiaberto. Há possibilidade de recurso e ambos continuam em liberdade.
Após ceder o terreno para o empresário, Sandra morou durante mais de um ano de aluguel para que o prédio começasse a ser construído. Segundo ela, Queiroz repassava um valor de R$ 250 para a diarista e o mesmo valor para o irmão dela para ajudar a custear o aluguel. Quando o caso veio à tona, eles tiveram 15 dias para sair do local onde estavam à pedido do proprietário da casa, já que o contrato de locação foi assinado por Queiroz. Desde então, voltou a morar na antiga casa dentro do terreno cedido.
— Sempre que ele vinha aqui para derrubar as casas acontecia alguma coisa que não impedia. Eu digo que era a mão de Deus porque imagina se ele tivesse derrubado a minha casa? — questiona.
De acordo com ela, no ano passado uma oficial de Justiça apareceu no local e perguntou quem havia autorizado ela a retornar para a residência. A oficial também informou que o empresário teria que penhorar o terreno para pagar dívidas com funcionários. Isso nunca aconteceu e Sandra continua vivendo na propriedade. Ela aguarda a tramitação de uma ação na Justiça que tenta reverter a situação e recolocar o terreno no nome da diarista.
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“A ficha ainda está caindo”, diz comerciante que investiu em apartamento
O comerciante Jeferson Constantino Honorato, 31 anos, pagou cerca de R$ 50 mil em um apartamento que seria construído no bairro Vila Nova, mas diz que não viu nem a cor dos tijolos do prédio. Ele deu um carro e mais R$ 1.500 em dinheiro, além de pagar mais dez parcelas de R$ 700 para o empresário. A construção não começou e o dinheiro nunca voltou. Nesta semana, ao ver a notícia de que a condenação não apontou nenhum tipo de fraude no caso, ele ficou abismado
— A ficha ainda está caindo, mas tenho a impressão que foi mais favorável a ele do que para a gente que foi lesado — desabafa.
Jeferson diz que entrou em contato com o advogado para que ele recorra da sentença e espera que o mesmo seja feito pelo Ministério Público. O comerciante ainda critica a demora com que o processo tramita pela Justiça e também a decisão de condenar o empresário apenas por apropriação indébita e crime contra a economia popular.
— A Justiça tinha que rever tudo isso porque foram mais de 300 famílias lesadas e eles acabam condenando ele como se não fosse um golpe — diz.
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Hoje, Jeferson ainda sente os impactos dos R$ 50 mil perdidos. Ele tinha uma sociedade com o irmão e precisou ressarci-lo pelo dinheiro que investiu no imóvel e não teve o retorno. Além disso, paga o financiamento que precisou ser feito para comprar a casa onde mora atualmente.