A renúncia com data marcada do presidente da CDL de Joinville, Luiz Kunde, e de toda a sua diretoria, formalizada na segunda-feira, dia 21, com a consequente criação de um grupo de transição para comandar a entidade até 30 de junho, é mais que um gesto de pessoas que preferiram deixar os postos de líderes para se dedicar a projetos empresariais novos. É o gesto final de um embate travado durante sete meses na entidade que representa os interesses do comércio joinvilense. Fatores variados levaram a este desfecho.
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O presidente, Luiz Kunde estava interessado em dotar a instituição de uma certa lógica gerencial. Eleito por consenso, legítima e legalmente, adotou medidas que descontentaram ex-presidentes que, ainda influentes internamente, têm poderosas âncoras na política e no Sindilojas. Kunde diminuiu o quadro de funcionários à metade. Pelo menos um dos dispensados ocupava posto-chave na estrutura burocrática. Sua longevidade no cargo tornava-o quase intocável. Detinha, pelos anos a fio, força interna.
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Kunde deu voz a jovens lideranças que, sem alarde, passaram a assumir crescentes responsabilidades, e a destacar-se.
Também tentou mexer no estatuto; torná-lo mais aberto à participação de associados. São 1.650 associados. Mas, apenas 45 conselheiros têm direito a votar. E a decidir. Isso ficou para o futuro.
A não realização do tradicional Natal Premiado, no ano passado, por falta de dinheiro, e sem apoio da Prefeitura, irritou varejistas – principalmente os do Centro, que perderam apelo extra para vendas.
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A receita da CDL vem, ainda, de forma expressiva, de serviços prestados pelo Serviço de Proteção ao Crédito, o conhecido SPC. Mas o percentual relativo vem caindo nos últimos anos.
Por que? Porque os recursos desta fonte são naturalmente a análise e verificação de fundos de cheques emitidos pelos consumidores. E, à medida em que o comércio atua, cada vez mais, com cartões de crédito, (que não necessita de análise de crédito, por óbvio), o caixa da entidade foi diminuindo. Para combater a situação, recentemente novos tipos de receitas foram agregadas. O último demonstrativo financeiro apresentado aponta superávit.
O enfrentamento interno mobilizou energias. Ao longo dos últimos 30 dias, cinco encontros foram realizados com a intermediação de advogado da CDL até se achar acordo.
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Houve momento em que Kunde estava decidido a sair sozinho para cuidar de novos planos empresariais. Num dado momento pouco adiante, o ex-presidente Carlos Grendene, foi cogitado a retornar ao comando porque, na condição de vice-presidente, seria um nome natural na linha sucessória. Porém é pré-candidato a vereador. Admitida a incompatibilidade de alguém estar à frente da CDL e fazer campanha partidária, acabou renunciando junto.
De conversa em conversa, a fórmula mais razoável foi a da renúncia coletiva da diretoria. Uma atitude que dá a ideia do quadro.
Depois disso, e de muito bastidor, cabe a Frederico dos Santos, a missão de gerir os destinos da CDL, junto com Manfredo Trauer e do próprio Kunde, metade do ano. A partir de 30 de junho, será o presidente. Para, em outubro, compor chapa completa, que iniciará novo mandato completo.
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