A tradicional empresa Douat Têxtil, de Joinville, fechou. Há três semanas, ela não produz mais. Os 169 funcionários já estão em casa, sem trabalhar. Na quarta e quinta-feira da próxima semana – dias 4 e 5 de novembro -, as rescisões homologadas pelo sindicato dos trabalhadores serão feitas.
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Os funcionários têm a receber R$ 1,2 milhão. Eles vão ganhar o FGTS e o seguro-desemprego. A companhia tem dívidas de aproximadamente R$ 50 milhões. Do total, R$ 25 milhões são referentes a débitos de longo prazo inscritos no processo de recuperação judicial, iniciado em novembro de 2013 e que tramita no Fórum de Joinville. Neste caso, o deságio é de 30%.
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As causas
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O empresário Osvaldo Moreira Douat identifica seis razões principais para a situação atual: o endividamento grande para a dimensão do negócio; os custos financeiros derivados do endividamento; o aumento do custo de energia elétrica; as dificuldades em obter crédito; a explosão da cotação do dólar; e a crise do setor têxtil. São elementos comuns à maioria das empresas que caíram em desgraça e saíram do mercado.
Homologação
Os funcionários vão assinar a homologação das rescisões trabalhistas na quarta e quinta-feira da próxima semana, poderão retirar o FGTS e terão direito a seguro-desemprego. A companhia não tem dinheiro para pagar as indenizações.
Luz cortada
Outros R$ 15 milhões são originados de duplicatas descontadas no curto prazo, especialmente por bancos que financiaram a companhia. E outros R$ 10 milhões são créditos de fornecedores e de tributos parcelados, mas não pagos. Desde segunda-feira, a Celesc cortou a energia elétrica. Quem conta, em entrevista exclusiva, é o presidente Osvaldo Moreira Douat, 76 anos, há 50 como empresário e que já presidiu a Acij, a Fiesc e foi vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
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Tamanho
As instalações da Douat somam área de 40 mil metros quadrados (m2), dos quais 10 mil m2 estão construídos e mais 3 mil m2 são de anexos alugados. A empresa, no auge, em 2011, bem recentemente, portanto, chegou a fabricar 180 toneladas de produtos por ano. Em 2011, faturou R$ 90 milhões.
Propostas
Há uma tentativa, em curso, para manter a companhia em recuperação judicial e evitar o desfecho de eventual falência. A ideia é encontrar empresas interessadas em produzir no espaço da fábrica. Há conversas com seis – de Brusque, Jaraguá do Sul e Joinville – para este objetivo. Seria a terceirização de serviços como pintura e malharia. Isso permitiria pagar parte das dívidas trabalhistas. Outra alternativa é vender equipamentos para fazer algum caixa.
Consultoria
A consultoria Corporate Consulting, de São Paulo, assessorou a Douat na formatação do programa de recuperação judicial, que completa dois anos em novembro.
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Futuro
Douat diz que pagou um preço muito caro por ter ficado tantos anos junto à Fiesc e à CNI. Esteve ausente da empresa. Enquanto cuida da definição dos próximos passos da têxtil, o empresário prepara para se dedicar à Thoratex, uma trading com sede em Joinville e que começou em São Bento do Sul. Trata de negócios de comércio exterior vinculado ao segmento madeireiro. Agora, ela será uma empresa voltada a diferentes produtos. Douat se diz decepcionado com o quadro econômico nacional e por viver esta realidade pessoal como empresário.