Mulher, mãe e comandante interina da 7ª Região da Polícia Militar de Santa Catarina, Claudete Lehmkuhl será a primeira mulher na ativa a chegar ao posto de coronel no Estado. Com 32 anos de carreira, ela assumiu o desafio de comandar a regional em Blumenau em abril de 2015 e há sete anos aguardava a promoção que ocorre nesta quarta-feira, às 17h30min, na Academia de Polícia Militar em Florianópolis. Feliz com a conquista, ela contou ao Santa sobre a ansiedade para o grande dia, o reconhecimento e os futuros desafios da carreira:
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Por que a promoção demorou 32 anos?
Na realidade, se eu já tivesse optado por ir para a reserva, eu teria tido a promoção requerida, que são os proventos de coronel. Mas eu optei por permanecer na ativa e agora estou sendo promovida por merecimento ao posto, na minha época realmente de ser promovida. Serei a primeira mulher a ser promovida na ativa.
Qual a expectativa para a cerimônia desta quarta-feira?
É um momento de muita alegria porque nós (mulheres) entramos na Polícia Militar em 1983 e aí no primeiro momento o quadro da polícia feminina era separado do masculino. Só em 1998 eles unificaram os quadros e nós começamos a concorrer em igualdade de condições com o masculino. Agora estou sendo promovida graças a esta unificação. Estou feliz também porque sou devota de Santa Catarina e hoje é o dia da minha padroeira.
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Há planos de ir para a reserva?
Na realidade agora eu estou apta a exercer os maiores cargos da corporação e pretendo continuar o trabalho à frente do comando da 7ª Região da PM, a não ser que o comandante-geral tenha outra missão para mim. A intenção é continuar e também me colocar à disposição do Governo para o cargo que ele julgar que eu seja merecedora, mas pretendo realmente ficar mais tempo na ativa exercendo a função de coronel. Até mesmo pela oportunidade que a gente tem de colocar em prática todo este conhecimento acumulado em 32 anos de carreira. Então, na realidade é uma coroação você poder realmente se manter na corporação.
Assumir o comando-geral da corporação está nos seus planos?
A partir do momento que você é promovida a coronel você está apta para a função. Se o governador assim julgar, acredito que para qualquer oficial seria gratificante e pra mim não seria diferente.
Como incentivar ainda mais hoje a participação de mulheres na segurança pública?
Já existe um número considerável de mulheres. O que não tem – porque ao longo do tempo nós não ocupamos ainda – são funções de referência. Mas no nosso Estado nós já tivemos mulher, Lúcia Stefanovich, ex-secretária de Segurança Pública, e atualmente a chefe da Polícia Federal de Santa Catarina é uma mulher. Então, nós estamos aos poucos ganhando espaço na segurança pública. Na PM, somos em 800 mulheres. Mas como temos apenas 32 anos na corporação, só agora é que nós estamos alcançando os postos mais altos e de destaque.
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Qual o segredo para manter a sensibilidade e feminilidade diante de algo tão duro quanto a segurança pública?
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Sempre me mantive muito vaidosa e feminina, nunca tive problema com isso. Durante o trabalho sou resistente e forte, mas quando chego em casa posso desabar com as situações difíceis enfrentadas durante o dia a dia. É importante manter o equilíbrio. Quando estou em atendimento, sou profissional e forte, mas isto não impede que eu me sensibilize com a situação depois.
Sempre que publicamos algo relacionado ao seu comando, o retorno da população é positivo. As pessoas a veem até de forma maternal. Existe essa postura?
Pelo contrário. Durante toda a minha carreira sou conhecida por ser exigente, por cobrar e realmente manter uma postura forte. Em um momento de constantes reuniões, encontros e cobranças na região, eu faço o máximo para ser dedicada e cumprir o meu papel. Tento ser justa e atender às necessidades e ansiedades da população. Fazer o nosso papel e ao mesmo tempo fazer esta integração.
Confira a entrevista feita com a tenente-coronel Claudete Lehmkuhl em maio deste ano: