Um novo espaço para tomar o café da tarde com estilo, um museu do automóvel, uma grande academia pública para a terceira idade e até um estacionamento vertical. As ideias dos leitores do AN.com.br para ocupar cinco prédios públicos abandonados no Centro de Joinville são muitas. Mas, por enquanto, o que se vê é muito mato, tapumes e estruturas de aço, concreto e vidro caindo aos pedaços.
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A reportagem de “AN” percorreu um perímetro de três quilômetros pelas ruas centrais da cidade e listou cinco patrimônios públicos que estão abandonados: o prédio do antigo Fórum, na esquina das ruas Princesa Isabel e Dona Francisca; a ex-sede da Casan e, mais tarde, da Gerência de Educação (Gered), na rua Felipe Schmidt, em frente à saída lateral do Shopping Mueller; os prédios da Escola Conselheiro Mafra e do CEI Padre Carlos, na rua Conselheiro Mafra; o Ginásio Ivan Rodrigues, na Max Colin; e o prédio da antiga Prefeitura, na esquina da Max Colin com a João Colin.
Dois deles já têm uso acertado por órgãos do governo federal: um pelo Instituto Federal de SC, outro pela Justiça Federal. Para os demais espaços, há muitas ideias, mas nenhum plano concreto. O uso da Escola Conselheiro Mafra pelo IFSC está acertada. Falta a burocracia da doação, uma boa reforma e, lá por 2016, será possível ver turmas de alunos em cursos federais gratuitos ali.
– Está cercado e tem vigilância para impedir mais vandalismo. Mas eu gostaria muito que a doação fosse efetivada rapidamente para que aconteçam as obras e a gente possa abrir os cursos – diz o diretor do IFSC, Valter Vander de Oliveira, sobre o prédio da Escola Conselheiro Mafra, interditado desde 2011.
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Desde que as aulas deixaram de ser realizadas, o forro do auditório foi parcialmente arrancado e até o busto de Orestes Guimarães foi levado embora.
Um dos prédios abandonados no Centro está com os dias contados. É o do antigo Fórum. A Justiça Federal espera todas as autorizações e licenças para colocar a estrutura abaixo e construir sua sede no lugar dele. Atualmente, a Justiça Federal funciona em dois edifícios alugados. A doação foi negociada com os vereadores.
Para os outros três espaços listados, o futuro é incerto. O prédio onde funcionou a Casan e a Gered deve ser colocado à venda pelo governo do Estado depois que uma autorização for aprovada pela Assembleia Legislativa. Caberá à iniciativa privada e ao setor imobiliário disputar e definir um destino para o local.
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Na Max Colin, há dois patrimônios que dependem de projetos e, principalmente, de dinheiro para serem reativados: o Ginásio Ivan Rodrigues, que já foi palco do Festival de Dança e de esportes importantes da cidade, como o basquete e o futsal, não tem qualquer previsão de reabertura.
O caso do prédio da antiga Prefeitura é o mais emblemático. Há estudos para a instalação de um museu do automóvel, um centro cinematográfico, uma grande academia e núcleo de terceira idade, mas o prédio é antigo e precisa de um investimento muito alto para qualquer atividade.
Não há previsão nem do que abrigará o espaço, muito menos quando isso ocorrerá.
ANTIGA PREFEITURA
Passado
O imóvel é tombado como patrimônio histórico e arquitetônico de Joinville. Nele funcionaram uma concessionária de veículos da Ford, do empresário libanês João Buatim; a estação rodoviária de Joinville; e, posteriormente, a Prefeitura.
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Há mais de uma década o prédio serve como depósito e para serviços emergenciais, como a instalação de postos avançados da Prefeitura. Ele foi comprado pela Prefeitura de Joinville em 2003, após 24 anos alugado para serviços públicos.
Futuro
Incerto. Há uma série de projetos, mas não há dinheiro nem estudos mais aprofundados sobre o uso possível do prédio. A Prefeitura chegou a projetar o uso para o Instituto de Trânsito e Transporte (Ittran), da Defesa Civil e da Guarda Municipal. Há propostas para a instalação de um museu do automóvel e um centro cultural, especialmente ligado
ao cinema.
EX-SEDE DA CASAN E DA GERED
Passado
O prédio que fica na rua Felipe Schmidt era considerado um dos mais modernos e futuristas quando ali funcionava a Casan, na década de 1990 e início dos anos 2000. Também serviu de sede da Gerência de Educação da Secretaria de Desenvolvimento Regional, mas já acumulava problemas.
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Está interditado desde outubro de 2011. A Vigilância Sanitária exigiu a desocupação total do prédio por causa de goteiras, rachaduras, problemas elétricos graves e infiltração. Está cercado e tomado pelo mato. Vizinhos reclamam que a água da chuva se acumula em vários pontos, causando possíveis focos da dengue.
Futuro
O governo do Estado, por meio da Secretaria de Administração, está colocando o prédio à venda. Um projeto de lei precisa ser aprovado na Assembleia Legislativa. Ainda não há um valor mínimo ou uma forma de ser feita a venda. Não há data, prazo ou sequer uma decisão em relação ao destino do prédio.
ANTIGO FÓRUM
Passado
O prédio que abrigou o Fórum da Comarca de Joinville durante décadas foi desativado em 2008. Nele também funcionaram a Fundação do Meio Ambiente (Fatma) e a BikePatrulha, da Polícia Militar, entre outros órgãos estaduais e municipais.
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O terreno foi entregue ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (que atende Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). O prédio está abandonado. Não há o que fazer nele para que possa ser reutilizado. Depois de ser alvo de vandalismo nos últimos anos, o terreno foi cercado.
Futuro
A Justiça Federal aguarda a liberação para demolir o prédio e construir uma nova sede. Nas futuras instalações, que não têm data para ficar prontas, devem ser instaladas as varas federais que atuam em Joinville e atendem a toda a região Norte. A Justiça Federal julga as causas que afetem interesse da União. Entre os crimes estão falsificação de moeda, sonegação de tributos e crimes cometidos contra o meio ambiente que atinjam bens federais, inclusive patrimônios ambientais, como a baía da Babitonga e históricos.
GINÁSIO IVAN RODRIGUES
Passado
Por 15 anos, a partir de 1984, o ginásio foi conhecido no País todo pelas disputas do Festival de Dança de Joinville. Há imagens incríveis da época em que o público acompanhava ainda mais de perto as apresentações. O espaço foi palco de partidas históricas de times de futsal, do basquete e apresentações da ginástica artística.
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A estrutura está interditada desde 2011. Uma série de problemas elétricos, hidráulicos e, principalmente, no assoalho e no telhado impede o uso do espaço.
Futuro
É incerto. Há um projeto de reforma pronto, mas não há recursos disponíveis para iniciar e concluir os trabalhos. A reforma completa está orçada em cerca de R$ 3 milhões. Todo o telhado precisa ser substituído, junto com a rede elétrica, o piso da quadra e os vestiários.
CONSELHEIRO MAFRA E CEI PADRE CARLOS
Passado
A Conselheiro Mafra é a escola estadual mais antiga de Joinville. Inaugurado em 1911, o prédio foi desativado em 2012. Por ser tombado pelo Patrimônio Histórico, sua restauração exige contratação de serviço especializado. Muitos joinvilenses que se destacaram em suas áreas de atuação estudaram na escola, entre eles, o artista plástico Juarez Machado.
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O prédio está cercado e, depois de ser alvo de vários episódios de vandalismo, está sob a vigilância do IFSC.
Futuro
O IFSC já acionou o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para restaurar parte do prédio e reformar sem descaracterizar o patrimônio. O IFSC espera a doação oficial para reformar o prédio e oferecer cursos técnicos a partir do ano que vem. Estudantes de escolas estaduais de ensino médio da área central de Joinville também vão frequentar os cursos.