A presidente Dilma Rousseff deu, na manhã desta terça-feira, o aguardado discurso de abertura da 68ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. Focada sobretudo na questão da espionagem americana – cuja prática condenou por violar a soberania do Brasil e dos direitos humanos e civis da população – a presidente foi bastante aplaudida.
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– Jamais pode o direito à segurança de um cidadão de um país ser garantido mediante à violação de direitos civis de cidadãos de outros países – criticou ela.
E afirmou que não vê argumentos que justifiquem a intervenção americana em assuntos privados de governo algum:
– Não se sustentam argumentos de que a interceptação ilegal de comunicações e dados destina-se a proteger a segurança dos cidadãos de uma nação.
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O cientista político da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Luis Gustavo Mello Grohmann, avaliou a fala como correta.
– Não poderia ser diferente. Não foi nem a mais, nem a menos. Se fosse mais, seria gravata, se fosse menos, seria covardia.
Para ele, a posição de Dilma não compromete a relação com o país governado por Barack Obama, até porque nunca foi de interesse do Brasil arranhar a relação com os Estados Unidos.
– Desde a época de Lula, quando poderia se ter um posicionamento mais à esquerda, isso não acontecia. Agora, menos ainda – pondera.
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Para ele, a política externa brasileira se difere da de outros países da América Latina e tem total autonomia.
Já para Paulo Kramer, professor de Ciências Políticas da Universidade de Brasília, o posicionamento da presidente é condenável.
– Já há muito tempo que a politica externa brasileira passou a servir como instrumento de demagogia. O uso que a Dilma está fazendo sobre a espionagem tem como objetivo desviar as atenções de um sério problema interno de economia que não cresce, de segurança que é insuficiente – disse Kramer.
Para ele, o “antiamericanismo” exposto por Dilma é digno de “crime estudantil”.
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– É uma busca por Ibope, por popularidade. O fato está sendo usado como um reles e irresponsável instrumente de política interna.