Batendo forte na tecla da espionagem, Dilma Rousseff foi fortemente aplaudida ao abrir na manhã desta terça-feira a 68ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York.

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No discurso, a presidente mostrou veemente indignação com a violação da soberania do Brasil e dos direitos humanos e civis da população com a espionagem.

Dilma saudou os presentes mostrando-se condoída com o atentado de uma milícia jihadista somali a um shopping center no Quênia:

– O terrorismo, onde quer que ocorra e venha de onde quer que vier, sempre merecerá nossa condenação inequívoca – disse.

Logo, passou à questão da espionagem.

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– Jamais pode o direito à segurança de um cidadão de um país ser garantido mediante à violação de direitos civis de cidadãos de outros países – criticou.

E afirmou que não vê argumentos que justifiquem a intervenção americana em assuntos privados de governo algum:

– Não se sustentam argumentos de que a interceptação ilegal de comunicações e dados destina-se a proteger a segurança dos cidadãos de uma nação.

Para Dilma, é inaceitável que ações como essa, qualificadas por ela como ilegais, “tenham curso como se fossem normais”.

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Encerrando o tópico, a presidente lembrou de sua luta contra arbitrariedades durante a ditadura e falou que não há soberania sem liberdade de expressão. Prometeu apresentar um marco civil para o uso da internet e pediu à ONU que regule o comportamento dos Estados sobre a tecnologia.

Mais de 120 presidentes, reis e primeiros-ministros se reuniram em Nova York para a Assembleia Geral

Foto: John Moore, AFP

Passando à economia, “ainda frágil”, a presidente frisou a importância do bolsa família e a erradicação crescente da miséria no Brasil:

– O combate à pobreza, à fome e à desigualdade são o maior desafio do nosso tempo.

No discurso, Dilma também elogiou as manifestações de junho. Para a presidente, as manifestações “fazem parte do processo de formação da democracia”:

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– Os manifestantes não querem voltar ao passado, mas defender seus direitos. Sabemos que democracia gera desejo de mais democracia e a qualidade de vida desperta anseio de mais qualidade de vida – disse ela.

Sobre a Síria, a presidente destacou a necessidade de diálogo para a solução do conflito:

– É preciso calar a voz das armas, convencionais ou químicas, dos rebeldes ou do governo.

Por isso, disse rejeitar intervenções unilaterais como a proposta pelos Estados Unidos, que “aumentariam a tensão na região e aumentam o sofrimento do povo”, e apoiou o acordo obtido entre EUA e Rússia para a eliminação das armas químicas no país:

– O governo sírio deve cumprir o acordo integralmente, com boa fé e ânimo cooperativo.

Secretário-geral admite fracasso da instituição na mediação do conflito sírio

Na abertura da sessão, o secretário-geral da instituição, Ban Ki-moon, destacou a importância da reunião:

– Não estamos aqui para preservar o status quo, mas para discuti-lo.

Depois de abordar questões de sustentabilidade e compromissos ambientais, Ban frisou a necessidade de se resolver a questão síria e fez um apelo para a comunidade reunida:

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– Não podemos nos sentir satisfeitos com a destruição das armas químicas enquanto uma guerra mais ampla está destruindo a Síria. Uma geração perdida de jovens agora enche os campos de refugiados. Genebra 2 deve acontecer o mais rápido possível, para que se termine a violência e o sofrimento do povo sírio.

E admitiu uma “falha sistêmica” na repressão ao regime de Bashar al-Assad, ao afirmar que os países membros das Nações Unidas não apoiaram medidas contra a Síria e que a própria organização não teve os meios para agir contra o genocídio que já vitimou mais de 110 mil pessoas. Após o mea culpa, instou os países membros a fortalecerem a ONU:

– Vamos fortalecer as Nações Unidas para ser mais do que um primeiro-socorro ou um último recurso.