A situação do Museu de Arte de Joinville (MAJ) entrou em debate na manhã desta quinta-feira. O casarão representa um importante espaço cultural e artístico joinvilense. Há algum tempo, os jardins da unidade são ocupados por pessoas que procuram um local ao ar livre para relaxar e se divertir, além dos visitantes amantes da arte. Entretanto, nos últimos meses, o museu começou a ser ocupado também por usuário e traficantes de drogas, gerando insatisfação dos vizinhos e do poder público.
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Com o movimento aumentando, moradores do entorno e servidores municipais começaram a reclamar sobre situações envolvendo a segurança do local. Segundo relatório fornecido pela Prefeitura, a catalogação das ocorrências começou em janeiro de 2016. Até o inicio deste mês, 76 casos foram registrados. Os primeiros registros dão conta de ações de depredação de patrimônio público e evoluíram para o consumo e tráfico de drogas e “disputa de gangues”.
Ainda segundo o documento, em outubro, houve flagrante de uma tentativa de estupro na área da Cidadela Cultural Antártica – em frente ao museu. A maioria dos registros envolve adolescentes e jovens. Outra razão que contribuiu para o aumento nas ocorrências foi a ocupação de um motel desativado nos arredores da unidade. O local seria abrigo para moradores em situação de rua e dependentes químicos.
Nos últimos meses, colaboradores também começaram a relatar casos de represálias e ameaças. A Guarda Municipal e a Polícia Militar passaram a intensificar a vigilância no local, fazendo revistas em visitantes.
O secretário de Cultura e Turismo, Raulino Esbiteskoski, afirma que a sensação de insegurança nos jardins estaria afastando visitantes frequentes do MAJ. A unidade chegou a receber a visita de aproximadamente 2 mil crianças por mês. Porém, em outubro deste ano apenas 60 crianças aproveitaram as exposições.
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– As pessoas que frequentavam aqui estão se afastando e nós, como poder público, não temos a intenção de fechar, cercar, mas temos que tomar algumas providências. Estamos sendo notificados inclusive pelo Ministério Público para saber quais são as providências que iremos tomar.
Coordenadora quer ações que chamem a população
Para a coordenadora do MAJ, Helga Tytlik, a principal ideia é fortalecer a ligação do museu com o público, por meio de projetos que atraiam a comunidade e promovam a acessibilidade no local. Algumas iniciativas já foram tentadas nos últimos meses, como uma poetisa que ao se apresentar no local foi alvo de chacotas e insultos.
– Temos vários interessados em estabelecer parcerias colaborativas para a realização de eventos e ações educativas. Mas esse parceiros precisam se sentir seguros em vir para cá – diz.
Melhora da estrutura e políticas públicas são essenciais
Para que a comunidade retome o MAJ, a consultora artística Gabriela Loyola defende a necessidade de melhorar a estrutura e investir em politicas públicas. Para ela, é preciso um planejamento a médio e longo prazos de como o museu recebe artistas e o público.
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– A cada administração que começa, a cada coordenador, não pode fazer as coisas da sua cabeça. Por exemplo: “”gora queremos o museu lá fora” ou “agora eu já quero de outra forma”. Não é assim, o MAJ é de toda a comunidade – defende.
Instigar a comunidade a ter um sentimento de pertencimento também é uma solução, aponta a consultora. Atualmente, com exceção dos usuários de entorpecentes, a maioria dos frequentadores dos jardins são estudantes e jovens. Por isso, ela sugere que a saída poderia ser a realização de atividades que abracem este público, além de um reforço na educação e conscientização.
Um grupo de amigos do Museu foi criado na tentativa de ajudar a melhorar a situação do local.
– Quando fizemos as primeiras reuniões (do grupo), chegamos a conclusão que quem visita o MAJ hoje são jovens e estudantes. Eles que valorizam isso aqui, porque a comunidade, os moradores do bairro, não vêm aqui – garante.
Um morador do entorno do museu – que não quis ter a identidade revelada – afirma que a melhor saída para o local seria o cerceamento do jardim, com horários para abertura e fechamento. Para ele, a opção traria mais segurança aos vizinhos e frequentadores do local, fazendo com que os usuários de drogas e traficantes se mantivessem longe do quintal.
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O secretario de comunicação Marco Aurélio Braga afirma que a Prefeitura planeja ações para melhorar a situação da região. O município foi notificado pelo Ministério Público para cumprir o plano municipal de cultura, que determina a Cidadela como local de exclusividade para a área.
– Umas das ideias é tirar o muro, que seria a curto prazo, fortalecer a iluminação, integrar com o pátio do MAJ e fazer uma área de ajardinamento, além levar a rádio da Secretaria de Cultura – diz.
Em março, o jornal “A Notícia” publicou uma matéria sobre como o jardim do museu tornara-se ponto de encontro. Confira esta e outras notícias sobre o Museu de Arte de Joinville:
Jardim do MAJ volta a ser ponto de encontro em Joinville
Helga Tytlik é a nova coordenadora do Museu de Arte de Joinville