Que o guarda-chuva tem sido acessório obrigatório para sair de casa nas últimas semanas em Joinville, morador da cidade nenhum duvida. Basta olhar pela janela: quando não cai um aguaceiro ou uma garoa, a ameaça é o céu quase sempre cinzento.
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Essa combinação pouco animadora já espanta o Sol em Joinville há 40 dias consecutivos, completados nesta terça-feira.
Isto não quer dizer que teve pingo d’água em todos os bairros durante todos os dias do período. Mas dados de estações meteorológicas indicam que, mesmo nos dias em que deu uma trégua à maior parte da cidade, em pelo menos algum ponto específico a chuva caiu timidamente.
Entre as seis estações meteorológicas monitoradas pela Defesa Civil de Joinville com registros completos das últimas semanas, só a estação do Jardim Paraíso indicou chuva no dia 25 de setembro, por exemplo. Já no dia 30 de setembro, só caiu água na estação do Cubatão. No último dia 19 de outubro, as únicas estações com algum registro ficam no Guanabara e no Jardim Paraíso.
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Assim, se somados os dados das seis unidades, a conclusão é de que o calendário da chuva não passou em branco nos últimos 40 dias. Duas estações da Epagri na cidade também anotaram alguma precipitação em todas as datas do período. Mais do que uma curiosidade meteorológica, os números servem de alerta.
– Nossas vistorias passam a ser direcionadas ao que traz mais riscos, como os deslizamentos de terra. Assim, os procedimentos simples ficam em segundo plano porque nos concentramos nas áreas críticas – aponta o coordenador de prevenção da Defesa Civil, Maiko Richter.
Nesta quarta e na quinta-feira, a previsão é de chuva mais intensa em Joinville. Se a precipitação não for concentrada em algumas horas, como ocorreu no último dia 22, a expectativa é de que não haja inundação no Centro. As áreas mais vulneráveis, explica o coordenador, são as regiões do Vila Nova, Morro do Meio e Jativoca, banhadas pelo rio Águas Vermelhas.
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-Uma chuva intensa pode trazer problemas devido ao nível do Águas Vermelhas. O que já não ocorre da mesma forma com a bacia do Cachoeira, pois lá há influência da maré e o rio não se mantém numa cota tão elevada – compara.
Influência do El Niño na região
As chuvas constantes são uma influência direta do El Niño, explica o especialista da Central RBS de Meteorologia, Leandro Puchalski. Mas o fenômeno não está sobre o Estado. Trata-se de uma anomalia que provoca o aumento das temperaturas do Oceano Pacífico na Linha do Equador, entre a Austrália e a América do Sul, diminuindo os ventos naquela região.
O fenômeno desencadeia mudanças de clima em todo o planeta. No Sul do Brasil, os sistemas meteorológicos da primavera responsáveis pelas chuvas passam a ser mais presentes e intensos. Assim, os volumes de chuva aumentam e ocorrem em sequências maiores de dias.
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Apesar de a influência ocorrer em todo o Estado, Joinville tem como particularidades a proximidade do mar, que traz mais umidade à região, e também a proximidade da serra, que facilita a formação de nuvens.
PRECIPITAÇÃO DE CHUVA POR ESTAÇÃO (DADOS DE 25 DE SETEMBRO A 3 DE NOVEMBRO)
Cubatão – 407,717 mm – Não choveu nos dias 25 de setembro, 19, 20 e 21 de outubro.
Boa Vista – 330,445 mm – Não choveu nos dias 25 e 30 de setembro, 6, 8, 16, 18, 19, 21, 24 e 25 de outubro.
Guanabara- 394,624 mm – Não choveu nos dias 25 e 30 de setembro, 8, 16, 18, 21 e 22 de outubro.
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Iate Clube, Espinheiros – 369,739 mm – Não choveu nos dias 25 e 30 de setembro, 8, 16, 18, 19, 21, 24 e 25 de outubro.
Itaum – 433,461 mm – Não choveu nos dias 25 e 30 de setembro, 8, 16, 19, 21 e 24 de outubro.
Jardim Paraíso – 839,549 mm* – Não choveu nos dias 29 e 30 de setembro, 8, 24, 25, 26, 27, 28, 29 e 31 de outubro e 1º de novembro.
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*A somatória do Jardim Paraíso é considerada uma inconsistência técnica e será revista pela Defesa Civil.
FONTE: DEFESA CIVIL DE JOINVILLE