As revelações do jornal francês Le Monde, do espanhol El Mundo e do italiano L’Espresso sobre a interceptação das comunicações dos cidadãos europeus pela NSA são “completamente falsas”, declarou nesta terça-feira o chefe da Agência Nacional de Segurança americana, general Keith Alexander.

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Entenda o caso: as revelações de espionagem que constrangeram os EUA

– Para ser totalmente claro, não coletamos essas informações sobre os cidadãos europeus – afirmou durante uma audiência na comissão de Inteligência da Câmara de Representantes, na qual indicou que se tratava de “dados fornecidos à NSA” por sócios europeus.

A onda expansiva de espionagem dos Estados Unidos ameaça as negociações comerciais com a União Europeia (UE) para um acordo de livre-comércio, já adiadas pela crise orçamentária americana.

Essa advertência foi lançada pela vice-presidente da Comissão Europeia, Viviane Reding, que se encontra em visita a Washington em meio a fortes tensões diplomáticas deflagradas pelas revelações de espionagem por parte da NSA, da qual foram alvos cidadãos comuns e autoridades na França, na Espanha e na Alemanha, incluindo a chanceler alemã Angela Merkel.

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– Amigos e aliados não se espionam mutuamente (…) É urgente e crucial que nossos aliados americanos ajam para restabelecer a confiança – disse Reding, em evento no Peterson Institute.

Reding disse que a questão da espionagem afeta diretamente um tema-chave nas negociações em curso desde julho e que buscam a criação de uma das maiores zonas de livre-comércio do mundo. Washington espera que as empresas, sobretudo aquelas de comércio eletrônico, tenham acesso a informações dos usuários, como acontece nos Estados Unidos.

A vice-presidente declarou, porém, que os europeus não cederão no que diz respeito a uma forte proteção dos dados pessoais.

As recentes revelações sobre a espionagem por parte da NSA em países como França e Espanha, bem como o possível grampo do telefone celular da chanceler alemã, Angela Merkel, provocaram uma tempestade diplomática.

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Na América Latina, a espionagem a Dilma Rousseff e a dois presidentes mexicanos, Enrique Peña Nieto e Felipe Calderón, desencadearam revolta, com Dilma levando fortes retaliações à quebra da soberania brasileira em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, no último mês de setembro.