Durante dois dias empresários, lideranças tecnológicas, acadêmicos e agentes públicos tiveram a oportunidade de compartilhar experiências com pesquisadores do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT). Em evento promovido pela Fundação Certi (Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras), de Santa Catarina, 11 especialistas da renomada universidade americana trouxeram para São Paulo o que há de melhor sobre novas tecnologias. Com o salão repleto de empresários catarinenses, a expectativa é de que as informações tenham reflexos positivos com inovação na indústria e economia de SC.

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O “Challenge of Innovation 2013 – Thinking out of the Box with MIT” ocorreu entre os dias 7 e 8 no Hotel Bourbon Ibirapuera, em São Paulo. Os palestrantes falaram das inovações que irão redefinir a economia global e o impacto que isso terá na vida das pessoas nas próximas décadas.

Os temas giraram em torno de quatro eixos:

– Energia

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– Life science

– Ciência de materiais

– Negócios digitais

Para o diretor da Fundação Certi, José Eduardo Fiates, áreas importantes da indústria e economia catarinense terão muito no que se inspirar a partir da troca de informações com pesquisadores do MIT. Destacou os setores metal-mecânico, metal-automotivo, alimentício e agronegócio.

Entre os empresários catarinenses que acompanharam o seminário estavam, por exemplo, representantes da farmacologia e da tecnologia de softwares e games.

– Tivemos vários empresários catarinenses participando. E pelas reações de todos, ficou claro que, seja no aspecto de estratégias, planejamento e gestão da inovação, ou em áreas mais específicas como ciências da vida, tecnologia de informação, internet e energia, várias ideias e projetos mostrados servirão como inspiração e conhecimento prático para as nossas empresas – disse Fiates.

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O empresário Moacir Antônio Marafon é diretor da Softplan, uma das maiores empresas de Softwares do país e que tem sede no Sapiens Parque, em Florianópolis. Durante o evento, acompanhou atentamente as palestras sobre inovação e acredita que a troca de experiências com pesquisadores do MIT pode ter benefícios práticos no seu empreendimento.

– Nós sabemos que as inovações de ruptura, ou seja, as grandes inovações, elas são raras. No entanto, se você sistematizar a forma de inovar, as melhorias serão contínuas nos seus produtos e na sua forma de negócio. Eu vejo que dá para levar daqui principalmente essas ideias, de como sistematizar o processo de inovação dentro da empresa – explicou.

Para Marafon, a inspiração também parte do próprio nome do evento: “pensando fora da caixa”.

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– Serve para tirar a gente do foco do dia-a-dia. É um foco em que a gente acaba tendo uma visão em túnel, como se fala. E pensando fora da caixa você pode ter a visão ampla e periférica. Com isso a gente acaba enxergando formas de pensar diferentes do habitual. E é justamente nisso que encontramos muitas e boas oportunidades – concluiu o empresário.

Entre tantas dicas e informações sobre o que uma empresa precisa para ter sucesso hoje em dia, uma das palestras que mais chamou atenção foi a do diretor do Media Lab, Joichi Ito, que comanda um dos mais importantes centros de inovação tecnológica do MIT. Pelas mãos dele passam centenas de projetos que abrangem temas como o carro do futuro, neuroenganharia, papel de parede que conduz eletricidade e sociabilização de robôs para acompanhar a saúde das crianças ou dos idosos.

O pesquisador defende que as empresas devem incorporar o DNA da internet se quiserem ser realmente inovadoras.

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– Eu penso na internet como um componente chave na evolução do ser humano – disse Joichi Ito em sua palestra sobre Inovação em Redes Abertas.

Com a experiência de quem apostou em start-ups como Flickr e Twitter, Joi, como prefere ser chamado, explicou que não é necessário ter um batalhão de pessoas e milhões em dinheiro para dar início a um negócio, especialmente quando se fala nas start-ups, empresas que podem surgir na web antes mesmo de receber qualquer tipo de investimento.

Ele defende ainda que, se tratando de internet, deve-se correr riscos.

– A Wikipédia, por exemplo. Se alguém viesse dizendo que esse seria o melhor site do mundo, uma enciclopédia, eu diria que era uma ideia idiota. Mas só se sabe isso olhando para trás. Houve muitas Wikipédias que fracassaram. Eu não sabia que o Twitter teria sucesso. Eu acho muito importante correr riscos, sobretudo quando o custo desses riscos é baixo – explicou, salientando projetos como Google e Facebook, que nasceram em dormitórios universitários e ganharam milhões de dólares.

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Ao analisar a situação do Brasil neste contexto, Joi enfatizou que o caminho do sucesso passa pela inovação.

– O Brasil tem energia e otimismo, que são a chave da inovação. É importante copiar coisas do resto do mundo, mas o Brasil tem como criar suas próprias coisas. Esse clima de inovação se encaixa perfeitamente nos princípios do Media Lab.

Fruto da parceria de uma década entre a Fundação Certi e o Industrial Liason Program (ILP-MIT), o Desafio da Inovação contou com apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ).

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A primeira edição do “Challenge of Innovation” ocorreu em março de 2012, em Florianópolis.