A nova reitora da da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Roselane Neckel, assume o cargo com uma polêmica nas mãos: a cessão do terreno na Rua Deputado Edu Vieira, no Bairro Pantanal, em Florianópolis, à prefeitura para duplicação na tentativa de desafogar o trânsito na região. Roselane disse em coletiva nesta sexta-feira espera definir uma solução para a mobilidade do entorno da UFSC até o fim do ano.
Continua depois da publicidade
Nesta quinta-feira, Alvaro Prata transferiu a reitoria para Roselane Neckel em Florianópolis. A nova reitora foi empossada no Ministério da Educação, em Brasília, na última terça-feira.
A reitora afirma que a decisão tomada pelo conselho universitário em março continua valendo. Na época, o conselho não aceitou o projeto de duplicação da prefeitura por considerá-lo incompleto. Foi definida a criação de uma comissão com a comunidade acadêmica, incluindo especialistas e alunos, além de moradores para avaliar soluções.
– Vamos definir um calendário e até o fim do ano esperamos estar com a proposta concluída, se não houver interferências por causa das eleições municipais, e dependendo da relação com a prefeitura. Vamos contribuir no projeto de mobilidade, com estudos e ouvindo diversas opiniões. Mas precisamos pensar principalmente em transporte coletivo, porque só a duplicação de um trecho de menos de um quilômetro não resolverá o problema de mobilidade- diz Roselane.
Continua depois da publicidade
O projeto da duplicação da Edu Vieira vem sendo discutido na cidade desde 2003. A prefeitura até tentou abrir licitação sem a concessão do terreno de 18 mil metros da universidade, mas o processo foi barrado na Justiça e, desde então, o impasse não é resolvido.
O que diz o secretário de Transportes, João Batista Nunes
Mesmo respeitando a posição da nova reitora, o vice-prefeito e secretário municipal de Transportes, João Batista Nunes, considerou lamentável a UFSC precisar de mais sete meses para se posicionar referente a cessão do terreno para duplicação, já que as discussões começaram há quase dois anos. Entretanto, diz que a prefeitura está aberta para discutir projeto. Se a universidade quiser, apresentar um projeto executivo, o Executivo vai aceitar “com bons olhos”, desde que seja amparado tecnicamente e dentro do orçamento municipal.
Manter o pré-vestibular de graça é uma das metas da nova reitora
Uma das principais preocupações da nova reitora é com o risco do governo do Estado desistir do convênio do Cursinho Pré-Vestibular da UFSC destinado a estudantes de escolas públicas.
Continua depois da publicidade
Realizado anualmente, o primeiro semestre do curso já foi perdido. Agora a tentativa da UFSC é tentar manter a parceria no próximo semestre. Desde 2008 o projeto contava com o apoio da Secretaria de Estado da Educação e atendeu mais de 5 mil alunos exclusivamente de colégios públicos.
– O governo estadual não quer dar continuidade ao projeto de inclusão social dos cursinhos espalhados por SC, que possibilita estudantes sem condições, inclusive econômicas, de ingressar na UFSC. Não podemos garantir nada enquanto não resolvermos essa parceria – lamenta Roselane, que afirma ter entre suas metas a inclusão de todas as classes sociais.
Uma das prioridades da reitora é dialogar com o governo estadual, que aplicava R$ 3 milhões por ano no projeto. Além do investimento, Roselane observa que a Secretaria de Educação também apoiava com a infraestrutura das escolas para a realização do curso, item igualmente importante para a continuidade da ação que em 2011 foi realizada em 29 cidades, com 31 unidades de ensino e mais de 3,1 mil alunos.
Continua depois da publicidade
Nos vestibulares para 2012, o Pré-Vestibular da UFSC aprovou 930 dos 1.200 concorrentes de escolas públicas que prestaram provas nas instituições públicas de Santa Catarina, ou seja, representou 75% dos ingressos. Na Universidade Federal, das 889 vagas, 641 estudantes vieram do cursinho promovido pelo convênio.
Conforme o secretário de Estado da Educação, Eduardo Deschamps, o governo não participará do convênio no primeiro semestre, pois precisou reorganizar o investimento da pasta por causa dos reajuste da folha de pagamento dos professores. Também citou os gastos na infraestrutura das escolas. Serão realizadas negociações com a UFSC e com a Secretaria de Estado da Fazenda para tentar manter o projeto.