O grupo catarinenses impedidos de deixar Guiné-Bissau após golpe de estado tentará seguir por terra até Senegal. O objetivo é chegar na cidade de Ziguinchor, onde há um aeroporto aberto com voos disponíveis. Segundo informações passadas por Estela Martins, que está na África, os missionários já fizeram visto para ingressar no país vizinho. A medida foi desaconselhada pela embaixada do Brasil em Bissau.
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– Minha irmã contou que alguns turistas que estavam hospedados no mesmo hotel fizeram o visto e chegaram ao destino. Depois ligaram para o hotel confirmando – explicou Géssica Falcão, que entrou em contato com a irmã Estela na manhã desta quinta-feira pela Internet.
A decisão do grupo ocorreu pela falta de previsão de reabertura do aeroporto de Guiné-Bissau. Os missionários catarinenses temem que a situação no país piore com a proximidade das eleições, marcadas para o dia 29.
– Minha irmã e o marido disseram que entrarão em contato novamente quando chegarem a Senegal. Vamos aguardar ansiosos pelo contato e torcer para que dê tudo certo – concluiu Géssica.
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Indefinição e apreensão
O retorno ao Brasil dos 10 missionários da Igreja Evangélica Assembleia de Deus, de São José (SC), foi impedido em razão de um golpe de estado que provocou fechamento das fronteiras e do espaço aéreo de Guiné-Bissau. O grupo deveria ter deixado a África há cerca de uma semana.
Na manhã de quarta-feira os catarinenses fizeram o primeiro contato com a embaixada brasileira em Bissau, capital do país africano. Eles questionaram sobre a possibilidade do visto para ir até Senegal. A embaixada, no entanto, desaconselhou a medida. A orientação dos diplomatas foi para que os brasileiros aguardassem pela retomada dos voos.
Em nota, a embaixada brasileira recomendou a permanência em Guiné-Bissau.
“A Embaixada do Brasil avalia a situação atual como relativamente calma e esclarece que, no momento, não há motivo para alarme“, informa a nota.
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As únicas recomendações são de que os cidadãos brasileiros respeitem eventuais toques de recolher e verifiquem a validade de passaportes e documentos de viagem, procurando a embaixada caso necessitem de renovação.
Oficialmente, informa o Itamaraty, o espaço aéreo de Guiné Bissau foi reaberto terça-feira. Não foi a situação verificada pelos missionários quando foram até o aeroporto.
A companhia aérea portuguesa TAP – pela qual viajariam os catarinenses – não apresenta em seu site voos com origem em Guiné-Bissau nos para os próximos dias.
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– O voo que estava programado para quarta-feira foi cancelado em Guiné . Falaram na possibilidade para quinta-feira, mas não temos mais expectativas que esse voo saia – informou Kesya Montanha, secretária da Assembleia de Deus de São José, que mantém contato com os catarinenses.
O clima de apreensão fez com que a Assembleia Legislativa de Santa Catarina enviasse ao Itamaray um pedido de “medidas emergenciais” para tirar brasileiros de Guiné-Bissau.
Nos primeiros dias em que o grupo ficou retido, os parentes no Brasil procuraram a imprensa e o Ministério das Relações Exteriores temendo pela vida dos familiares.
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Os catarinenses que estão na Guiné-Bissau
Ezequiel Montanha
Sonia Montanha
Timotio Gonçalves
Janete Gonçalves
Isaac Martins
Estela Monica Martins
Eduardo Nicolau Soares
Janes Almeida
Edson Fornazari
Marcos Manoel da Silva
Turbulência política
No domingo, 15 de abril, forças militares dispersaram protestos contra o golpe de Estado em Guiné-Bissau. A manifestação pedia a libertação do primeiro-ministro do país, Carlos Gomes Júnior, que foi detido na última quinta-feira (12/04). O conflito deixou feridos.

O primeiro-ministro era o principal candidato nas eleições presidenciais que deveriam ser realizadas ainda neste mês. Acredita-se que ele tenha sido levado para um quartel militar guineense, juntamente com o presidente interino, Raimundo Pereira.
No golpe, chefes militares de Guiné-Bissau fecharam o espaço aéreo e marítimo do país. Eles alertaram que qualquer violação das medidas terá uma “resposta militar”.
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No último sábado (14), em encontro com partidos políticos locais, os militares que deram o golpe de Estado disseram ter planos de restituir o poder civil.
A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), da qual o Brasil faz parte, aprovou resolução pedindo um “plano de ação imediata” para reagir ao golpe.
O plano inclui, entre outras coisas, a constituição de uma força, mandato definido pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, para garantir a manutenção da paz e da segurança, a proteção de autoridades civis e da população, a conclusão do processo eleitoral, previsto para o próximo dia 29, e uma reforma nos setor es de defesa e segurança no país.
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Segundo informações do Jornal Correio da Manhã, de Portugal, um navio português foi enviado a Guiné-Bissau para buscar cidadãos estrangeiros.
Em mapa, veja onde fica Guiné-Bissau: