O depoimento de uma testemunha aumentou as suspeitas da Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Balneário Camboriú de que o menino Ícaro Alexandre Pereira, de sete anos, esteja morto. De acordo com o delegado responsável pela investigação, Rodolfo Farah, a conversa entre o padrasto do garoto, Alois Gebauer, e a testemunha após o desaparecimento é considerada uma das declarações mais importantes da investigação.
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A testemunha relatou à polícia que Gebauer teria questionado sobre o tempo de decomposição de um cadáver e a possibilidade de se encontrar impressões digitais no corpo da vítima. O depoimento também reforçou a suspeita sobre a participação do padrasto no sumiço de Ícaro.
– Uma informação trazida à polícia indicando que um investigado de um desaparecimento de um garoto, havendo possibilidade de ele estar morto, questionando se há ou não possibilidade de serem encontradas impressões digitais do assassino gera uma suspeita muito grande e aumenta a suspeita sobre ele. Soma-se isso ao fato de depois ter havido um contato indevido entre o investigado e esta testemunha, o que nós consideramos como uma intromissão na investigação – afirma Farah.
Em função disso, o delegado acredita que o padrasto deve permanecer detido. Gebauer está preso desde o dia 28 de fevereiro no presídio da Canhanduba, em Itajaí. A Polícia Civil aguarda ainda o resultado das perícias feitas na casa de Ícaro e nos carros da família. No quarto do menino teriam sido encontrados resquícios biológicos e um teste de DNA deve determinar a origem do material.
– Nós precisamos saber exatamente a quem esse material está relacionado e como ele foi parar ali – explica.
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“Ele estava desesperado para que achem o Ícaro”, diz advogado
O advogado do padrasto de Ícaro, Frederico Goedert Gebauer, afirma que a conversa apontada pela polícia realmente existiu e que, inclusive, já foi explicada em depoimento. Segundo ele, Alois Gebauer teria perguntado a um amigo sobre a possibilidade de decomposição, pois estava desesperado para que encontrassem o menino.
– Nos quatro depoimentos que ele deu a polícia o delegado disse que ia prender ele. O Alois estava desesperado para encontrar o Ícaro e fez essa pergunta com medo de que se não o encontrassem iriam achar que ele é o culpado – relata.
Frederico explica que até agora a polícia não apresentou indícios contra o padrasto do menino e que nesta terça-feira iria entrar com um pedido para revogação da prisão temporária. Para ele, a DIC precisa dar respostas sobre o paradeiro da criança.
Conforme o advogado, a família acredita que Ícaro está vivo e, por isso, ofereceu uma recompensa de R$ 10 mil para quem tiver informações concretas sobre sua localização.
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O sumiço
Ícaro desapareceu de casa no dia 9 de fevereiro, feriado de Carnaval. Ele teria ficado sozinho no apartamento da família, na Rua 3.450, no Centro, enquanto os pais trabalhavam e, ao voltarem para casa, não encontraram o filho. O sumiço foi notado por volta das 18h. A família veio de São Paulo para o litoral há seis meses e o menino conhece pouco as ruas da cidade. No dia do desaparecimento Ícaro vestia uma camisa pólo verde, uma bermuda quadriculada azul e branca e um chinelo do Homem-Aranha.
Para a Polícia Civil, a criança não teria conseguido sair de casa sozinha, pois o prédio possui grades e segurança. Vizinhos também não notaram a presença do menino no imóvel no dia do desaparecimento.
De acordo com o delegado, câmeras de monitoramento nos arredores do bairro e em outros pontos da cidade foram analisadas, mas não trouxeram novidades ao caso. A polícia também investigou a possibilidade da disputa pela guarda da criança com o pai biológico ter sido o motivo do desaparecimento, mas não confirmou essa hipótese.
Outras quatro denúncias sobre o possível paradeiro de Ícaro também foram apuradas e descartadas.
(Colaborou Bianca Ingletto, RBS TV)