A Casan, empresa responsável pelo serviço de tratamento de água e esgoto na Capital, informou que até a tarde de sexta-feira ainda não tinha acessado o conteúdo do laudo pericial ou sido notificada oficialmente sobre a protocolação do documento na Justiça Federal. Dois engenheiros da concessionária responderam a alguns questionamentos feitos pela reportagem do DC a respeito do conteúdo do relatório assinado pela engenheira ambiental Bernadete Regina Steinwandter, perita contratada pela Justiça. Os representantes da Casan contestaram principalmente a possibilidade de influência do rio do Braz no rio Papaquara e a classificação dos dois mananciais como de classe especial. No entanto, concordaram sobre a responsabilidade da empresa na poluição do rio do Braz e na sobrecarga da Estação Elevatória que fica às margens do curso d’água.
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Ao ler o trecho do laudo que cita a Casan como uma das responsáveis pela poluição no rio do Braz, o engenheiro químico da Divisão de Meio Ambiente da concessionária, Alexandre Bach Trevisan, concordou com a perita. Mas questiona a afirmação sobre a possível influência do rio do Braz no rio Papaquara, este um dos afluentes do rio Ratones, que tem ligação com a Reserva Ecológica Carijós:
— Desde o início a gente falou que o que acontece na bacia do Braz, em Canasvieiras, é um evento de poluição difuso, de vários atores. A Casan é um deles. Nesse ponto, a gente concorda. Mas pelo sistema de drenagem que existe no rio Papaquara, é impossível que haja qualquer troca de água entre o rio do Braz e o Papaquara.
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A respeito da sobrecarga na estação elevatória do rio do Braz e os episódios de extravasamento de esgoto in natura no manancial, o gerente de Política Operacional da Casan, Rodrigo Maestri, explicou:
— No dia 29 de dezembro houve extravasamento por causa da chuva intensa, pois muitas residências têm ligação da rede pluvial na de esgoto. Isso é um problema sério. No dia 31 ocorreu o caso de falta de energia vandalismo, com o roubo dos fios do gerador de energia. Informamos para a perita que, entre a identificação do problema e a solução, a estação ficou cerca de duas horas sem funcionar.
A Casan não detalhou a quantidade de esgoto que teria vazado no rio do Braz nas duas ocorrências. No entanto, segundo um quadro de estimativa de vazamento de esgoto informado no laudo pericial, que leva em conta a capacidade da estação elevatória, um extravasamento de duas horas equivaleria ao esgoto produzido por 641 pessoas em um dia.
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O laudo ainda questiona a falta de licença ambiental para 16 estações elevatórias da concessionária. Segundo Alexandre Trevisan, as licenças para estações menores estão inclusas nas permissões ambientais das estações maiores.