Para levantar o troféu mais cobiçado do mundo, só chefes de Estado ou quem já o conquistou. Carlos Alberto Torres, capitão da Seleção Brasileira no tricampeonato de 1970, estará amanhã em Florianópolis junto ao objeto do desejo. Este, ficará exposto no Centro Sul, em Florianópolis.
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> Ex-jogador Lico concede entrevista ao DC sobre sua participação no evento da taça
Carlos Alberto Torres é especialista em troféus. Na carreira, foram mais de 20 títulos, a maioria como lateral-direito do histórico Santos de Pelé. Mas, sem dúvida, o mais importante foi a taça Jules Rimet, que chegou em suas mãos após a Seleção conquistar a Copa do Mundo no México, em 1970.
A bagagem de Carlos Alberto, conhecido como “capita”, no levantamento de taças será fundamental neste domingo, quando o troféu que será disputado a partir do dia 12 de junho. Ele estará em exposição no Centro Sul – Centro de Convenções, em Florianópolis, das 9h às 20h.
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O troféu em questão não será a Jules Rimet, que foi roubada e derretida em 1983, mas o atual, já erguido por Dunga, em 1994, e Cafu, em 2002. Aproveitando o maior símbolo do futebol em terras catarinenses, o DC conversou com um dos maiores laterais de todos os tempos.
Diário Catarinense – Você teve contato com a taça atual e com a Jules Rimet. Qual delas te agrada mais?
Carlos Alberto Torres – São dois belos troféus. A Jules Rimet teve o simbolismo de nós termos ganhado. Na época, a seleção que ganhasse três vezes a Copa ficaria com a posse definitiva do troféu. Agora, ela passa de seleção para seleção. Mas, de qualquer maneira, é um troféu pelo qual vale a pena lutar para tê-lo aqui na sede da CBF.
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DC – Qual seu sentimento sobre o que houve com a taça Jules Rimet, que foi roubada e derretida em 1983?
Carlos Alberto – Foi chato, né? Foi a maior conquista do futebol brasileiro, a primeira vez que ganhamos e ficamos definitivamente com o troféu aqui no Brasil. Era um troféu muito cobiçado. Em 1970, a própria Itália estava disputando a posse definitiva dele. Nós conseguimos vencer, foi uma conquista que custou o sacrifício de todo mundo – jogadores e comissão técnica -, que deu alegria ao povo. E, de repente, esse troféu que simbolizava – e simboliza – talvez a maior conquista do futebol brasileiro desapareceu. Foi uma covardia o que fizeram.
DC – O Brasil é favorito para a Copa do Mundo?
Carlos Alberto – O Brasil é um dos favoritos. Não dá para dizer que é o favorito, até porque se fosse assim o Brasil ganhava todas as Copas até hoje. O Brasil sempre entrará como um dos favoritos ao lado de Alemanha, Argentina, Itália e, atualmente, Espanha. Eu acho que a Seleção Brasileira tem time para ganhar a Copa, mas, em absoluto, não faço parte daqueles que acreditam 100%. Tem time para vencer, mas resta esperar que exista uma boa preparação. É o que sempre digo: pode estar pelo menos na final e, chegando lá, cada time tem 50% de chances. Aí o Brasil sempre estará em vantagem pela qualidade dos jogadores.
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DC – Dos favoritos citados, algum preocupa mais?
Carlos Alberto – Não sei, de repente eles até não causam problema, como com a própria Alemanha em 2002. A Alemanha está sempre chegando, sempre entre os quatro primeiros. Eles têm um bom time, com experiência de já ter disputado duas Copas com a mesma base. Mas também não podemos esquecer da Espanha, que, pelo menos por enquanto, como campeã do mundo, é a número um. Não gostaria de arriscar um palpite.
DC – A Seleção de 1970 é o melhor time de todos os tempos?
Carlos Alberto – É o que dizem, não é? Era um grande time. Agora, essa coisa de preferências das pessoas ou da própria imprensa, que aponta a Seleção de 1970 como a melhor de todos os tempos é algo que deixa todos que participamos daquela seleção contentes. Eu prefiro acreditar naqueles que apontam a seleção de 1970 como a melhor de todos os tempos.
DC – O ex-atleta Carlos Alberto Torres deve estar feliz com o Brasil como sede do Mundial. O que o cidadão Carlos Alberto Torres acha da atual situação, com gastos altos, atrasos nas obras, manifestações.
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Carlos Alberto – A Copa é um grande evento esportivo no mundo. Há oito ou nove anos, o Brasil teve vontade de sediar a Copa. A CBF, na época presidida por Ricardo Teixeira, e o presidente da República, o Lula, foram atrás da candidatura. Não podemos esquecer que a Fifa dá permissão para qualquer país sediar a Copa do Mundo desde que o governo federal, através do presidente, autorize a candidatura. A Fifa é a dona do evento. Muita gente está confundindo, assediando as pessoas da Fifa, padrão Fifa, não sei o quê. O Brasil se candidatou, ganhou o direito, então tem que arcar com as consequências. Na época em que o Brasil ganhou o direito de sediar a Copa não houve nenhum tipo de manifestação. Essas manifestações deveriam ter ocorrido naquela época, quando o Brasil estava se candidatando. O povo deveria ter ido às ruas para dizer “não queremos Copa aqui no Brasil porque nós temos outras prioridades”. Mas isso não deveria ser feito agora que está tudo pronto, que se gastou dinheiro, que fizeram estádios e obras. Agora, um monte de gente vai às ruas se posicionar contra a Copa, mas ela vai ocorrer, independentemente de qualquer manifestação. Nós temos que nos conscientizar que o país está tendo a oportunidade de sediar o maior evento de futebol do mundo. E o Brasil tem chance, por ser o país do futebol, de realizar uma grande Copa. Veja bem, nós temos outras prioridades. Todo mundo sabe disso. Mas, desde que o governo avalizou a realização da Copa, temos que apoiar e tentar, junto com as autoridades, organizar uma grande Copa. Ou seja: receber bem as pessoas que estarão aqui, os turistas, as delegações, a imprensa estrangeira. Enfim, é uma grande chance de mostrar ao mundo o país que somos.
DC – O que o povo catarinense pode esperar da chegada da taça?
Carlos Alberto – É a oportunidade de ver de perto a taça mais disputada do mundo. O mundo inteiro, através das seleções, luta para conquistar o troféu, que realmente é muito bonito. O pessoal de Florianópolis – e os brasileiros das principais capitais – terão a chance de ver de perto o troféu que o Brasil disputará a partir de 12 de junho.
DC – Como se sente por ser um dos poucos que podem tocar no troféu?
Carlos Alberto – É um privilégio muito grande. Como campeão do mundo, já é a terceira vez que eu recebo a taça. Antes da Copa de 2006, quando ela veio ao Brasil, eu a recebi aqui no Rio de Janeiro. Depois, em 2010, eu fui a São Paulo recebê-la. No ano passado, fui à Índia à convite da organização. Agora, aqui no Brasil, eu a recebi no Rio e estarei em Florianópolis no domingo. É uma honra e uma satisfação muito grande como campeão do mundo e capitão daquela seleção de 1970 poder receber a taça para mostrar a todos os brasileiros e dar essa oportunidade ao pessoal de Santa Catarina.
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DC – Quais suas impressões do evento com a taça na Índia, um país em que o futebol não é tão tradicional?
Carlos Alberto – Foi muito legal porque, apesar do futebol não ser o esporte preferido dos indianos – o esporte de lá é o críquete -, houve uma curiosidade imensa do povo . Milhares de pessoas foram ao local onde a taça ficou exposta, mostrando que realmente eventos como a Copa do Mundo e a exposição da taça chamam a atenção.