O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, se defendeu nesta quinta-feira das críticas que recebeu após entregar à Polícia Federal (PF) documentos que acusam políticos paulistas de participação em cartel formado para fraudar licitações no metrô e trens de São Paulo. Na quarta-feira, o PSDB ingressou com representação contra o ministro na Comissão de Ética Pública. O partido acusa Cardozo de ter usado informações falsas para incriminar adversários do governo e do PT.
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– Estou sendo acusado de cumprir a lei – declarou o ministro, no encerramento da cerimônia de entrega do Prêmio Innovare, que prestigia as iniciativas de tribunais, juízes, advogados, defensores públicos e promotores que contribuem para o aperfeiçoamento do sistema judiciário.
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Para Cardozo, a entrega dos documentos à PF era um “dever legal” que ele não poderia deixar de cumprir, após ter recebido as denúncias.
– A PF é subordinada ao ministério e, evidentemente, eu devo cumprir a lei, que diz que as denúncias que o ministro recebe devem ser mandadas para a Polícia Federal – afirmou.
Cardozo disse que a polêmica desvia o foco do assunto principal.
– Acho que há uma tentativa muito clara de evitar uma apuração imparcial e séria [das denúncias]. Há pessoas que, por alguma razão que desconheço, estão tentando criar um tumulto, uma situação na qual quem cumpre a lei é acusado. [Isso serve] para tirar o foco de uma investigação correta. Se alguém pensa que vai intimidar o Ministério da Justiça, a Polícia Federal e o Cade, está enganado – argumentou.
O ministro ainda disse ter pedido “uma investigação sobre fatos que já são investigados desde 2008” e pelos quais pessoas envolvidas já foram punidas em outros países. Ele também rebateu as críticas de que demorou a confirmar ter encaminhado à PF os documentos que lhe foram entregues pelo deputado federal licenciado Simão Pedro (PT).
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‘Não houve demora. Foi apenas um dia. A matéria de O stado de S.Paulo” saiu na quinta-feira (dia 21), dizendo que o Cade havia encaminhado o material. Achei isso estranho, já que eu tinha entregue o material, mas era possível que o Cade também tivesse recebido [cópia] e a encaminhado. Na quinta-feira à tarde, o superintendente do Cade, Vinicius, [o presidente do Cade, Vinicius Carvalho] me procurou e disse que não sabia do que se tratava. Liguei para o diretor-geral da PF e na sexta-feira eu fui informado de que o inquérito estava [tramitando] em São Paulo. No mesmo dia soltei a nota – relatou.