Com cheiro de novo e bancos ainda ensacados, o caminhão com jato d’água encaminhado pelo governo federal à Brigada Militar recém-saído da fábrica estacionou no domingo no pátio do Batalhão de Operações Especiais (BOE), em Porto Alegre. Atrasado em pelo menos 11 dias – já que o equipamento foi destinado às 12 cidades-sede para uso durante a Copa do Mundo, mas também ficará de legado às polícias -, o blindado ainda depende de testes para operar na rua. Somente após a avaliação, será decidido se o veículo estreia já na quarta-feira, durante a partida entre Argentina e Nigéria no Beira-Rio.

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– Precisamos testar todos os itens, ver se está tudo funcionando e repassar o relatório para a empresa responsável para conserto caso algo não esteja de acordo. Depois, a tropa será treinada para trabalhar no caminhão, que poderá ser empregado em qualquer situação que haja tumulto – explica o subcomandante-geral da Brigada Militar, coronel Silanus Mello.

Ao custo superior a R$ 1,6 milhão, o equipamento integra a lista de itens destinados ao controle de manifestações comprados pela Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos (Sesge) para as cidades que são palco do Mundial. Segundo a Sesge, o atraso na entrega ocorreu em função de problemas no cronograma do próprio fabricante.

Blindado – resistente até a um tiro de fuzil -, com peso de 20 toneladas e capacidade para armazenar 4,5 mil litros d’água, o veículo é destinado à dispersão de manifestantes. Os jatos atingem uma distância de até 60 metros e, se disparados a menos de 30 metros, podem derrubar uma pessoa.

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Com a expectativa de mais de 70 mil argentinos espalhados nas ruas de Porto Alegre durante a partida de quarta-feira – a previsão da Secretaria da Segurança Pública do Estado é de que 80 mil venham à cidade, mas apenas 18 mil possuem ingressos para a partida – o caminhão pode auxiliar na dissipação de possíveis brigas entre os torcedores mais exaltados.

– Depende de uma série de fatores, inclusive da necessidade de uso no dia do jogo – reforça o comandante da 2ª Companhia do BOE, major Alessandro Prestes.

O caminhão ainda possui um tanque com capacidade de 25 litros para armazenamento de agentes químicos, como gás lacrimogêneo. Na metade de junho, três policiais passaram dois dias em São Paulo no treinamento para operar o blindado. Há capacidade para transportar uma tropa de 21 homens que, por meio de quatro câmeras instaladas na parte externa, podem acompanhar as imagens por quatro telões no interior do equipamento.