Um comentário em uma rede social fez com que o músico gaúcho Délvio Oviedo fosse declarado persona non grata pelos vereadores de Garopaba. Morador da cidade litorânea do Sul de Santa Catarina há 16 anos, ele escreveu que na cidade “gente tem pouca, mas gaúcho tem bastante“. A moção de repúdio foi assinada por seis dos nove vereadores: Jean Ricardo Antunes, Fernando Ambrósio, Jucélio Clementino, Sérgio Jacaré, Roberto Vieira e Gilmar Ferreira.

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De acordo com o parlamentar Gilmar Ferreira, a moção de repúdio foi uma ideia conjunta do grupo de vereadores. Ele afirma que Délvio “ofendeu o povo garopabense” e que está “sempre criticando os vereadores”.

— É uma pessoa que está sempre no meio social nos ofendendo. Acho que não conhece a família de cada vereador. Não temos nada contra gaúchos nem contra qualquer outro povo, mas achamos uma ofensa aos garopabenses. Garopaba é uma cidade muito hospitaleira — diz Gilmar, que não foi reeleito.

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“Foi uma judiaria”

Embora não tenha nenhum efeito prático sobre Délvio, a ação dos vereadores tem repercutido na cidade de pouco mais de 20 mil habitantes. O músico diz que foi vítima de uma injustiça, pois fez “uma brincadeira que os vereadores não entenderam”.

— É uma brincadeira que tá no folclore gauchesco. Em todo o Brasil, os gaúchos que migram dizem isso de que no local “gente tem pouca, mas gaúcho tem muito”. Foi uma sacanagem isso que fizeram comigo. Não merecia. Nunca fui processado na vida, sou uma pessoa justa — diz Délvio.

Desde o ano 2000 na cidade, ele diz que um dos fatores que levaram à reação dos vereadores foi pelo fato de ele administrar um grupo chamado “Moro e voto em Garopaba”. Com mais de 2,6 mil integrantes, foi lá que surgiu uma campanha para que a população não reelegesse nenhum vereador. O sucesso não foi total, mas apenas dois dos nove parlamentares foram reeleitos.

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— Fiz o comentário quando comemorava a eleição de duas vereadoras gaúchas. Foi uma brincadeira. Não tinha o objetivo de ofender ninguém.

Tensão em 2015

Délvio já havia participado de outra polêmica junto aos vereadores no fim do ano passado. Ele foi um dos líderes de um movimento para a diminuição dos salários da Câmara. Hoje, um vereador recebe R$5,9 mil líquidos por mês. A mobilização não teve sucesso e gerou uma série de restrições para a entrada da população no plenário.

— Tínhamos que mostrar nossos documentos e chegaram a nos levar presos para a delegacia. Tudo porque lutávamos por melhorias — afirma.

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A mulher de Délvio, Teresangela, foi candidata a vereadora pelo PDT, porém recebeu apenas 86 votos e não foi eleita.

Moção de repúdio a Délvio foi assinada por seis dos nove vereadores. Foto: Reprodução - Facebook
Moção de repúdio a Délvio foi assinada por seis dos nove vereadores. Foto: Reprodução – Facebook