Um dia e meio ou 400 metros de caminhada no monte Everest separaram a vida da morte para os gaúchos Thiago Sanches, 30 anos, e Marcelo Pedrini, 29 anos. Eles escalavam o pico mais alto do mundo junto com um grupo de estrangeiros no último sábado, quando ocorreu o terremoto que já deixou mais de 5 mil mortos no Nepal. Por sorte, o grupo ainda não havia chegado ao acampamento-base da montanha, atingido por avalanches.

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Vídeo mostra os locais mais atingidos pelo terremoto no Nepal

Do vilarejo Namche, a 3,5 mil metros de altitude, Thiago, que é advogado e mora em São Paulo, conversou com ZH nesta terça-feira e deu detalhes da sua luta para voltar ao Brasil com segurança. Segundo ele, a previsão é de pelo menos mais dez dias de espera na região do Everest, pois não há informações precisas se a cidade mais próxima tem condições de receber algum abrigado.

Confira abaixo o relato do brasileiro:

Os dois amigos tentam, por meio de diplomatas na China e de contatos em Brasília, deixar a montanha em um avião monomotor para chegar até a Índia, país que suspendeu temporariamente a exigência de vistos. Até a embaixada e os cônsules brasileiros no Nepal sofrem com o isolamento e a escassez de alimentos. Outra preocupação dos aventureiros é com um surto de cólera e com saques nas ruas.

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O que se sabe sobre o terremoto no Nepal até agora

– Ficaremos onde estamos até receber informações sólidas. Alguns estrangeiros são retirados daqui de helicóptero, mediante auxílio dos governos deles, e estamos acionando pessoas nesse sentido. Uma saída de helicóptero seria ideal, já que os voos de Lucla, que é a cidade-base para a capital Catmandu, dependem muito das condições climáticas – afirma.

Nesta terça-feira, por exemplo, uma densa névoa impediu o tráfego aéreo em Lucla e Catmandu, retardando a fuga de pelo menos 1.000 pessoas, conforme Sanches. O advogado explicou que a embaixada brasileira no Nepal ofereceu abrigo. Porém, o caminho até o prédio é arriscado.

“O trabalho é ressurgir das cinzas a cada momento”, diz brasileiro que mora no Nepal

Como o deslocamento montanha abaixo precisa ser feito de forma lenta e gradual, existe o perigo de parar em um vilarejo sem água potável e alimentos ou de ser roubado. Algumas trilhas no Everest ficaram bloqueadas por pedras, o que exige cuidado redobrado com acidentes.

População ao relento e dificuldade de comunicação após terremoto

– Infelizmente, a situação deles (embaixada) é bem complexa. Estão sem mantimentos e nos foi dito que eles poderiam oferecer água e eventualmente internet, só que a embaixada é um tanto quanto longe do aeroporto e a cidade está um caos – diz Sanches.

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Vídeos mostram pânico em terremoto e avalanche

O advogado elogiou os esforços do Itamaraty em melhorar a situação dos brasileiros no Nepal. Ele mantém contato com familiares pelo Whatsapp, fala em tom otimista e ressalta que “qualquer ajuda é bem-vinda”.

– Vamos seguindo firme e forte, não dá para desanimar. A saúde está boa e o emocional, controlado. A esperança é a última que morre. Já sabemos que o Itamaraty está tentando melhorar a nossa situação aqui. É complicado para todos, inclusive para eles – diz o brasileiro.